Isso é que dá, fazer propaganda equivocada de um produto. Resolveram vender o que deveria ser “Eu Te Amo, Phillip Morris” como O Golpista do Ano. Resultado: público errado nas salas de cinema, o que provavelmente ocasionará a queda brusca de espectadores – pelo boca-a-boca desfavorável – e o consequente fracasso do filme no Brasil.
Pois convenhamos: o público de Jim Carrey é um público que gosta de filmes vazios, besteiróis que apostam nas suas caretas e situações escatológicas. Esperam isso dele e não é à toa que os seus filmes de drama fracassaram, por mais que ele tenha demonstrado talento para o gênero.
Os comentários que ouvi durante a exibição de O Golpista do Ano foram algo como “que filme bicha” ou “você me disse que era comédia, não filme de veado”... Sim, minha gente, eu assisti este filme neste século e no shopping mais “chique” de Brasília, onde espera-se que as pessoas que o frequentam tenham um mínimo de educação e acesso à informação. Mas fazer o quê: vender um produto “assim” para um cliente que quer “assado” dá nisso.
O longa de Glenn Ficarra e John Requa trás Jim Carrey na pele de Steven Russell, um pai de família trambiqueiro que, após sofrer um acidente de carro, resolve levar a vida como sempre desejou: gay e cheio de luxos. Até o dia em que é preso e conhece, na cadeia, Phillip Morris (Ewan Mcgregor), por quem se apaixonará e fará de tudo para que nem as celas os separem.
Desenvolvido em tom de comédia escrachada em sua primeira metade, os diretores optaram por interpretações caricaturais e que zombam – no mau sentido – dos seus personagens e do seu tema, que poderia sim ter sido cômico, mas de maneira sutil, para que, ao chegar na segunda metade –onde predomina o drama – a transição não fosse tão brusca e no mínimo estranha. A escolha constante por palavras e frases de duplo sentido demonstram a intenção infeliz de estereotipar e transformar um bom argumento num roteiro clichê e forçado.
Em sua segunda metade, o elenco incorpora o drama que se instaura na história e aí o que era para ser bom desde o início finalmente deslancha, especialmente pela introdução do personagem de Ewan McGregor, que rouba a cena sem precisar de muito esforço.
A velha máxima que diz para nunca abandonarmos um filme pela metade, pois ele pode melhorar até o final, cabe perfeitamente neste caso. Mas infelizmente, aqueles que sairam no início do filme – e não foram poucos – não puderem ter esta constatação. E por incrível que pareça, dentre aqueles que ficaram até o final na minha sessão, estavam os que mais teceram comentários maldosos e preconceituosos. Vai entender “a curiosidade de saber quem é você, dois olhos negros...”
Trailer:
(I Love You Phillip Morris, França/EUA, 102 minutos, 2009)
Dir.: Glenn Ficarra e John Requa
Com Jim Carrey, Ewan McGregor, Rodrigo Santoro, Leslie Mann
Nota 7,0
17 comentários:
Sim, e a pergunta que não quer calar: e Rodrigo Santoro? Está com o papel mais apresentável?
Confesso que não gosto muito do estilo Jim Carrey, enjoei de suas caras e bocas, adoro Brilho Eterno e tenho curiosidade com esse filme.
Ah, quanto a homem-aranha, eu gostei muito do primeiro filme, acho que foi uma boa adaptação, fiel aos quadrinhos, com Tobey Maguire encarnando bem o protagonista. O segundo é médio e o terceiro é péssimo.
bjs
Concordo plenamente com seus pensamentos em relação a "venda de peixe" aqui no Brasil, alguns títulos são rídiculos. Se tem um ator conhecido por comédia, já colocam um título que soa engraçado pra chamar público...
Eu so fã do Carrey, desde sua fase comédia até seus dramas Truman, Brilho, são ótimos..
Estou curioso para ver esse "Golpista" a muito tempo, me lembro dele ter sido anunciado já no ano passado... geralmente filmes que demoram tanto a estrear são ruins e saem direto em DVD, o que não é o caso desse...
Abraços
www.topangablog.blogspot.com
O.O"
É um novo estilo de filme que vejo o Jim Carrey estrelar... Esse aí eu preciso pagar pra ver, assim que eu conferir eu venho aqui postar a minha opinião! Mas a princípio parece ser legal e dá pra arrancar algumas risadas pelo trailer. Espero que seja bom pq até hoje todos os filmes que eu assisti com o Jim Carrey foram ótimos! ;D
Bem curioso para ver esse filme, em especial pelo elenco...
Amanda, não falei do Rodrigo porque não vi muito sentido em julgar algo que "não fede nem cheira", mas já que você perguntou, a atuação dele é tranquila, um papel pequeno, com poucos falas, mas bem importante.
Jardel, a demora para este filme estrear não é por causa da qualidade, mas pelos distribuidores não saberem como vendê-lo, tanto que nos EUA até hoje não estreou... Mas pode ver sem medo. É um bom filme, apesar dos pesares.
Biula, o Jim Carrey já fez filmes melhores, mas este aqui também é bom.
Vinicius, acho importante, para quem gosta de cinema, assistir este filme. É algo bem diferente na carreira do Jim Carrey - nem tanto nas carreiras de McGregor e Santoro - e tem dado o que falar (e dará ainda mais quando estrear nos EUA).
Abraços para vocês!
Não é um filme ruim, mas se vc não gosta de ver dois homens se beijando, se agarrando, insinuações de sexo oral, e etc, talvez esse não seja o filme para vc.
Esse em termos esse filme me lembrou
o filme "Prenda-me se for capaz" com Leonardo Di Caprio , o fato dele tentar fugi varias vezes e golpear descaradamente eh legal do filme...
Sinceramente na primeira cena em que ele fala: "ahh é.. esqueci de dizer que sou gay..." ri demais, o filme me ganhou nesse instante. Nunca gostei dos filmes de Jim Carrey sem a vertente cómica, mas este, apesar de ser um humor muito light, é de impacto, muito engraçado, bem descontraído e boas atuações, inclusivé a de Rodrigo Santoro.
A primeira vez que ele é preso e faz a visita guiada do presidio ao novato é hilário demais.
Recomendo.
Eu vi o filme, provavelmente no mesmo cinema que você. Sendo sincero, não sei porque pessoas pagam pra ver meio filme. Mas vamos ao comentário. Eu gostei bastante do filme, é um assunto totalmente novo, tratado um pouco com comédia, mas um drama e tanto, principalmente por se tratar de um caso real. Fora a publicidade fail brasileira, as pessoas ainda são muito preconceituosas, não vêem um filme, olham pra tela e vêem um gay, e ainda fazem um barulhinho de nojo. Bom, cinema errado também, muita cabeça de macarrão em um lugar só
E onde entra (sem trocadilhos) o Rodrigo Santoro nessa história?
Anônimo, eu também me lembrei do Prenda-me Se For Capaz. Tem suas semelhanças.
Poison, ri muito nesta cena também. Depois o filme entrou numa de caricaturar os personagens, aí não gostei muito, até a hora em que se assumiu como drama e tudo ficou melhor até o fim. Bem diferente, mas não é para qualquer um.
Ícaro, pessoas pagam pra ver um filme de comédia boba com Jim Carrey, aí quando descobrem que não é por aí, preferem abandonar a sessão, por motivos óbvios. Vamos trocar de cinema da próxima! (risos)
Gabriela, como eu respondi para a Amanda, o Rodrigo Santoro tem um personagem pequeno, com algumas falas, mas é muito importante para a trama. Eu só não senti necessidade de falar sobre ele na crítica, mas é isso que te disse. Ok?
Na minha opinião o filme é espetacular, fugindo dos padrões e deixando praticamente duvidas em todos os termos e quesitos ao longo do filme. Acho q Jim Carrey não estava muito assíduo nesse papel, senti ele um pouco morno se comparados a anteriores, principalemente com o classico "O Máscara". Porém venho destacando a perfeita interpretação de Ewan McGregor. Cada vez mais ele esta se destacando no cinema, e provou q é muito mais q as pessoas imaginam dele. Assim como Poison recomendo o filme, porém para aqueles q têm uma mente mais aberta, tratando a arte como algo expressivo, cheio de sentimentos, e não como algo aparentemente superficial. Aqueles que não se sentem dessa forma, deve ter mais um filme da Xuxa em cartaz nos cinemas...
André
adorei o filme, ser gay é comum, pois as senas ali tratadas também são feitas por casais heteros da vida real não sei porque tanto zum-zum -zum sobre as cenas de sexo, e o que importa é o amor. A trilha sonora é ótima tudo de bom.
Vi o filme ontem em dvd, achando que era uma comedia rasgada e confesso que nao era o que queria assistir e bomba, o filme me acertou. gostei muito de ver o Jim Carey sem fazer caretas, achei sua atuação primoroza e quanto ao Ewan Magregor me fez chorar. Ele é incrível, digno de premio, alias em tudo o que faz. Demostra a sensibilidade humano do personagem. Achei que o filme descuidou um pouco quando ele assume o papel de gay esteriotipando o personagem, mas logo volta a sensibilidade de alguem que faz tudo por amor. Gostei muito!
capeixoto, que bom que a surpresa foi boa.
Também acho que o filme desanda quando ele se assume, mas depois volta aos eixos.
Abs
realmente o lance de prometer uma coisa e dar outra eh bem verdade com relaçao ao nome ''brasileirado'' do filme .
e realmente me senti surpreso com a forma em q a historia se desenrolou , nao sendo preconceituoso encarei toda homosexualidade do filme numa boa
até pq eu penso que o amor nao tem limites ou interdiçoes , fico triste em saber que no brasil o preconceito é uma coisa rotineira
enfim Jim carrey e evan me surpreenderam com suas exelentes atuaçoes oque na minha opiniao somado ao fato do filme ser realmente baseado na vida de uma pessoa tornou tudo muito bom
eu daria nota 9,0 ao filme
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