A estreia de Phillip Seymour-Hoffman na direção poderia ser badalada, mas o ator ganhador do Oscar por Capote preferiu começar sem megalomanias e escolheu a peça “Jack Goes Boating”, de Robert Glaudini (que também assinou a adaptação do roteiro), para fazer seu debut.
Inicialmente apático, Phillip emprega ritmo e simpatia só perto do fim dos 90 minutos de película. O tema é a reviravolta na vida de um homem (interpretado pelo próprio diretor) que, depois de sucessivos fracassos, resolve iniciar aulas de natação e culinária, buscando novas motivações. Conhece uma mulher (Amy Ryan) tão fracassada quanto ele e então começa aí um novo relacionamento.
O que Hoffman faz chega a ser cruel: paralelamente ao relacionamento que se inicia, insere um outro casal, em crise após de anos de convivência, e faz então uma comparação entre os casais. O casal de amigos em crise até poderia servir de modelo sobre “como não levar uma relação”, mas compará-los, como se os casos estivessem no mesmo patamar depressivo, é injusto e enfraquece todo e qualquer argumento.
Enquanto demonstra que domina a técnica, fazendo uma ótima decupagem, variando a movimentação de câmera – num ótimo trabalho de fotografia de W Mott Hupfel III, que já havia fotografado Hoffman em The Savages – e usando suaves (e bonitos) recursos de montagem (como as inserções de vislumbramentos nas cenas da piscina), Phillip fica aquém justamente naquilo que mais poderia se esperar dele: a direção do elenco.
Ator de talento reconhecido, não consegue domar um elenco fraco e sem química e acaba dominando a cena sozinho (mesmo estando aquém de outros papéis seus), quando o que o roteiro mais pedia era interação e entrega dos quatro vértices da história.
Para piorar, só mesmo uma trilha sonora depressiva, de boas composições da cena indie, mas só leva a história ainda mais para baixo. Não que um filme deprê não possa ser bom – aliás, geralmente são eles os mais inspirados – mas a ausência de momentos de respiro sufoca. Nem parece que estamos vendo uma história com dois lados de um relacionamento. Bastava uma pitadinha de otimismo e romantismo para o casal apaixonado, que o belo jantar que Hoffman preparava – no filme e na direção – não esturricaria a ponto de não ser comido.
Trailer:
(idem, EUA, 93 minutos, 2010)
Dir.: Phillip Seymour Hoffman
Com Phillip Seymour Hoffman, Amy Ryan, Daphne Rubin-Vega
Nota 5,0
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