Esta autobiografia da diretora
franco-coreana Ounie Lecomte, sobre a infância dela em um orfanato
após ter sido abandonada pelo pai, é dura. O sofrimento
internalizado de uma criança é algo difícil de se sarar, ainda
mais quando aquilo vem de forma tão traumática e numa idade já
consciente.
A diretora fala do assunto com
óbvio conhecimento de causa e não se sabe até que ponto as
situações são baseadas em fatos reais, mas todas elas são
incrivelmente verossímeis e, por mais que dê vontade de dar uns
sacolejos na menina – que catalisa suas emoções em forma de
silêncio e grosseria com crianças e freiras do orfanato – é
difícil não se compadecer com ela, ainda apenas (oras) uma criança.
A fotografia é muito bonita e
o ritmo, como quase todo drama coreano, é lento – o que faz uma
história assim ganhar ainda mais intensidade. Os outros personagens,
apesar de ter sua importância individual, servem na verdade como
apenas objeto de observação da garotinha protagonista, que tira de
cada das atitudes alheias lições para si. O que parece é que ela
amadurece por si só (o que não deixa de ser verdade).
Este longa marca a ótima
estreia da diretora, que levou a Menção Honrosa “pelo trabalho de
ajuda às crianças”, no Festival de Berlim 2010. Por enquanto ela
ainda não anunciou outro projeto. Tomara que este filho único não
represente apenas sorte de principiante e que ela mostre talento para
contar outras histórias que não sejam tão próxima às dela.
Trailer
A Brand New Life (Yeo-haeng-ja, 2009)
Dir.: Ounie Lecomte
1 comentários:
Parece interesante. Gostei muito do blog.
http://filme-do-dia.blogspot.com.br/
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