Ah,
o Japão e suas histórias de vingança! Talvez só a Coreia do Sul
consiga fazer concorrência com eles neste segmento.
Confessions
é
um grande exemplar de filme de vingança. Está tão à frente do que
costumamos ver que pode até ser comparado com as melhores (ou seriam
piores?) tragédias gregas, com toda a sua complexidade, muitas
histórias e substanciosos personagens e um requinte de crueldade de
dar medo.
Não
deixa de ser também um espelho frio de uma sociedade deprimida, que
convive com casos de bullying
e violência juvenil tão rotineiramente que é preciso veículos
assim para fazer parar para pensar e não deixar que isso se torne
algo banal.
Confessions
vai
fundo na análise psicológica de vários personagens, em sua maioria
jovens sofrendo de solidão, necessidade de atenção, falta de
perspectiva, desvio de valores ou simplesmente ignorância e/ou
alienação.
A
professora Moriguchi (Takako Matsu) decide sair da escola onde
trabalha, mas não sem antes pôr em execução um minucioso plano de
vingança contra aqueles que mataram sua filha de quatro anos. No
último dia de aula, ela resolve contar aos alunos a verdade sobre os
fatos, revela que os assassinos de sua filha estudam naquela classe e
explica com frieza o que fez/fará para dar-lhes o troco.
A
isto são dedicados os primeiros vinte minutos de película e o que
se sucede são as confissões de seis alunos, que ajudam a montar não
só o quebracabeças dos fatos, como também a revelar as motivações
emocionais de cada um para chegar a tal ponto. São camadas e mais
camadas a serem reveladas, num tom épico em slow
motion,
acompanhado de um trilha sonora ora melancólica ora depressiva, mas
nunca desesperada – como se a intenção fosse nunca perder o
controle e corroer lentamente os personagens, assim como esclarecer o
espectador a conta-gotas.
A
fotografia é um espetáculo à parte, de um azul escuro ressaltado e
muito gélido, além da execução da concepção de cenas e cenários
de um lirismo único.
O
filme do diretor Tetsuya Nakashima (de Kamikaze Girls) talvez só
peque pelo exagero, no roteiro e nas interpretações, o que é até
normal em produções japonesas. Mas mesmo assim é possível
enxergar em suas hipérboles verossimilhança e uma crítica feroz a
uma sociedade que caminha para o abismo. Caminho que só será
interrompido quando se deixar de pagar sangue com sangue.
Trailer:
(idem,
Japão, 106 minutos, 2010)
Dir.:
Tetsuya Nakashima
Com
Takako Matsu, Yoshino Kimura
Nota
8,5
5 comentários:
Quanto tempo, hein?!! Faz tempo que tô querendo ver esse... parece ser muito bom, apesar dos exageros
Obrigado, Antonio!
Oi, Bruno! Pois é, quanto tempo! O blog está abandonado, coitado, por conta dos meus estudos. Um dia, quem sabe, volto com tudo. as previsão não tenho nenhuma. Quanto ao Confessions, é exatamente isso: muito bom, apesar dos exageros.
Abraços
Mais um filme para a minha lista!
Visite o Película Criativa também:
http://peliculacriativa.blogspot.com.br/
É, o povo considera bulling xingar de gordo, baitola, negão... Vai dar uma voltinha no Japão, se voltar inteiro conta pra nós haha. Vou ver depois.
O filme realmente é muito bom, e quase todos os personagens são personificações do mal.As únicas excessões são a filha e o pai dela.
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