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segunda-feira, 28 de março de 2011

Preview: Submarine

Seguindo todos os preceitos das comédias indies sucesso de temporadas, como Juno, Pequena Miss Sunshine, Minhas Mães e Meu Pai e 500 Dias Com Ela, Submarine tem tudo para entrar para ser o próximo do time a arrebatar o público.

Adaptação do primeiro (e homônimo) livro de Joe Dunthorne, o filme conta, da forma que todo bom nerd gosta, a história de Oliver Tate (Craig Roberts, ótimo), um garoto de quinze anos, que vive num tempo e numa cidadezinha anônimos.

Em material distribuído à imprensa do 61º Festival de Berlim, é Oliver quem define a sua própria história: “Há muito tempo que espero pelo filme da minha vida. Meu nome é Oliver Tate. Este filme irá capturar minhas idiossincrasias particulares, como por exemplo, a maneira como conquistei minha colega de classe, Jordana Bevan, somente usando o poder da minha mente. Além disso, desde que o casamento dos meus pais tem sido ameaçado por um homem que leciona cursos de 'bem-estar físico e mental', o filme provavelmente irá mostrar alguns trechos em que eu o derroto. Haverá filmagens com helicóptero e cenas em câmera lenta, mas também haverá momentos transcedentais, como quando eu curo a depressão dos meus pais. Conhecendo-me como eu conheço, ficarei surpreso se o filme se concluir em menos de três horas. Alguns adjetivos que a imprensa usou para definir o filme são 'irresistível', 'de tirar o fôlego', assim como a frase 'uma façanha monumental'”.

Obviamente, a subjetividade da fala mostra o que Oliver gostaria que acontecesse, mas nem tudo será como o planejado. Mas uma coisa ele previu bem: o trecho das críticas. No site Rotten Tomatoes, por exemplo, 26 críticos já publicaram suas opiniões e todos deram avaliações positivas.

De diálogos afiados e história bem contada, Submarine sobressai-se por não menosprezar em momento algum os sentimentos do jovem que acha que a vida vai acabar, quando enfrenta os seus primeiros problemas de relacionamento – familiares e amorosos. Por mais que seja uma fase imatura e exageradamente dramática (e isso também fica claro no filme), as reações são muito sinceras e realmente difíceis de lidar.

Assim como Craig Roberts entrega um Oliver sincero, o restante do elenco cumpre seu papel com a mesma credibilidade. Sally Hawkins dá um show na pele da mãe, Paddy Considine está hilário como o canastrão que conquista a mãe do garoto e Yasmin Paige é a doçura em pessoa, como a namoradinha.

O diretor e roteirista Richard Ayoade já acumulava experiência dirigindo vídeoclipes e séries para a tevê e faz aqui a sua estreia no cinema. Dos tempos de videoclipe, virou amigo do Alex Turner (do Arctic Monkeys) e o pediu para compor as músicas originais. Surpreendentemente, Alex interpreta todas as canções em tom de baladas intimistas deliciosas e que só aumentam a simpatia do público.

A amistosidade que parece dominar a equipe passa para a tela e o que vemos é uma obra extremamente suave, divertida e cativante. Com sorte, não se limitará a festivais e cinemas alternativos e chegará ao grande público também. 

Trailer (sem legendas):

(idem, Inglaterra/EUA, 97 minutos, 2011)
Dir.: Richard Ayoade
Com Craig Roberts, Sally Hawkins, Noah Taylor, Paddy Considine, Yasmin Paige
Nota 8,5

sexta-feira, 25 de março de 2011

Crítica: Antes que o Mundo Acabe

Discípula de Jorge Furtado, Ana Luíza Azevedo trouxe para o seu primeiro longametragem como diretora todos os cacoetes que aprendera e/ou desenvolvera com aquele em O Homem que Copiava, Meu Tio Matou um Cara e uma pá de outros trabalhos como assistente de direção e corroteirista.

Já nos primeiros minutos de filme os vícios de linguagem ficam evidentes. A abertura à Ilha das Flores abusa da “narrativa babel”, utilizada pela enésima vez para mostrar que “uma evento leva a outro, mesmo do outro lado do mundo”. Tudo por meio de joguetes de palavras que já funcionaram muito mais. Por sorte, o truque tem sua “razão de ser” explicada mais adiante.

O filme é narrado por Maria, a meia-irmã (sapeca e cheia de graça) de oito anos do protagonista, Daniel, um jovem de quinze anos na crise da adolescência. Daniel sente-se deslocado em casa, onde vive também com a mãe e o padrasto. A escola era um lugar que parecia ser divertido, mas também se torna difícil de frequentar, depois de problemas com outros colegas e principalmente depois de descobrir que o melhor amigo está de paquera com a ex-ainda-atual-namoradinha.

Antes Que o Mundo Acabe lança mão do tema da adolescência e foi lançado no mesmo ano que outros dois parentes próximos, Os Famosos e os Duendes da Morte e As Melhores Coisas do Mundo. Assim, fica difícil não ligar um filme ao outro e fazer comparações. Num ranking, o longa de Ana Luíza Azevedo figuraria em último. Mas isso não quer dizer que seja ruim. Quer dizer que os outros é que são muito bons.

O principal ponto que faz este aqui não ter a mesma força que seus “concorrentes” é que aqueles possuiam um ótimo e bem preparado – e estudado – elenco. À parte o convincente protagonista (interpretado por Pedro Tergolina), o restante fica aquém da expectativa e não convence. Não existe aqui um bom elenco adulto e os jovens parecem desestimulados. Só têm a simpatia dos gaúchos e seus costumes e gírias.

O problema é que as atitudes não condizem com a realidade. Que jovem aceita imediatamente que seu melhor amigo namore sua recém ex-namorada, sem antes ter o menor ato de agressividade ou revolta? Que jovem vê um ladrão virando a esquina levando sua bicicleta e simplesmente vira as costas e vai para casa, sem antes gritar ou xingar? Difícil. E não são só estas as cenas desprovidas de emoção.

Em sua parte técnica, o filme é todo bem acabado. A edição, com ótimas aplicações de colagem, é um diferencial.

Para uma estreia no comando, Ana Luíza saiu-se bem e entregou um filme bonitinho. Só faltou se livrar da marca dos seus “padrinhos”, mostrar personalidade e um pouco mais de pulso firme. 

Trailer:

(idem, Brasil, 100 minutos, 2009)
Dir.: Ana Luíza Azevedo
Nota 6,5

terça-feira, 22 de março de 2011

Preview: Howl

Allen Ginsberg é considerado um dos principais poetas do movimento beat, iniciado em fins da década de 1950. Seu principal livro, “Howl e Outros Poemas” é cultuado até hoje, especialmente pela geração descendente daquela, constituída pelos novos indie-hippies-pseudo-cults que povoam a cena underground.

Considerado ilegível por alguns e obraprima por outros, o livro causou polêmica justamente por dar margens a interpretações polêmicas, como o culto a drogas, promiscuidade, autoexorcismo e homossexualidade. Ao publicá-lo, seu editor foi acusado de propagar tais ideias e teve de enfrentar os tribunais.

O filme é concentrado numa ocasião em que Allen fez a leitura do seu livro, na audiência de julgamento do editor e em uma entrevista com o autor. Os três vértices servem, na verdade, para explicar a poesia do autor, como se colocasse o espectador numa aula de arte, na qual o professor lê um trecho do livro, explica e incita o debate. Logo em seguida, outro trecho lido e assim segue. Uma animação psicodélica ilustra as passagens lidas.

Na pele do autor está James Franco, surpreendentemente bom, compenetrado, imerso na inebriante vida do escritor. Ele imposta a voz bêbeda, repete trejeitos e faz leituras excelentes dos trechos de “Howl”, assim como soa verídico nas cenas documentais. Difícil é encontrar explicações artísticas (e não marketeiras) plausíveis para o ator ter sido indicado ao Oscar por “127 Horas” e não por este pequeno filme.

Pseudo intelectual ao extremo, o filme perde por pressupor que o espectador já tenha conhecimento prévio da poesia em questão. Assim, restringe-se a um público ínfimo, à procura de discursos incompreensíveis para saciar sua alma intelectualoide.

Para este público e para os envolvidos no filme, uma obraprima incompreendida, como o próprio livro. Para a maioria, “um barco de besteiras sensíveis” - como disse o advogado de acusação, citando uma passagem da poesia.

James Franco fala sobre o filme (sem legendas):

(idem, EUA, 84 minutos, 2010)
Dir.: Rob Epstein, Jeffrey Friedman
Com James Franco, Mari-Louise Parker, Jeff Daniels
Nota 4,0

domingo, 20 de março de 2011

Crítica: Lixo Extraordinário

Lixo Extraordinário é um ótimo exemplo de que, se o Brasil tivesse um esquema de produção executiva e distribuição decente, muitos dos nossos filmes poderiam ganhar o mundo. Foi o que fez esta coprodução Brasil-Inglaterra, cuja produção executiva tem entre seus nomes Fernando Meireles (diretor de Cidade de Deus). Sim, porque filme-de-lixão por filme-de-lixão, Estamira (de Marcos Prado, 2005) é muito melhor e nem por isso alcançou o mercado exterior – sequer foi divulgado no Brasil, quiçá ser indicado ao Oscar.

Taxado por boa parte da crítica (especialmente a internacional) como um feel-good-movie, Lixo Extraordinário acompanha o trabalho que o artista plástico Vik Muniz realizou com pessoas que trabalhavam no aterro sanitário do Jardim Gramacho, região metropolitana do Rio de Janeiro. Conceituado internacionalmente, Vik passa a primeira meia-hora de filme contando que foi pobre e que tinha vontade de usar seu prestígio internacional para mudar a vida de um grupo de pessoas. Foi o que o levou ao lixão.

Além de dedicar os primeiros momentos para a autoexaltação do artista, o longa ainda trata de fazer críticas batidas e restritas à sociedade brasileira, do tipo 'rico é arrogante' e 'na favela só tem drogado e perdido'. Um bando de discurso que ninguém precisa ouvir para entender o que eles querem dizer.

A diretora inglesa Lucy Walker, que teve como codiretores os brasileiros João Jardim e Karen Harley, inicia e termina o filme com entrevistas do Programa do Jô, com Vik Muniz e com o presidente da Associação do Catadores do Jardim Gramacho. A primeira (entrevista) serve para apresentar o artista plástico. A segunda, para exemplificar o quanto o trabalho foi reconhecido. Forma mais preguiçosa e nada criativa de introdução e desfecho seria impossível.

A sorte é que o trabalho que Vik comandou foi realmente lindo e, quando o filme entra nesta etapa de mão-na-massa, a coisa anda. É fascinante ver os catadores utilizando a matéria-prima que antes não passava para eles de meio de sustentação para fazer arte. Mais fascinante ainda é conhecer essas pessoas, saber o que elas pensam da vida e extrair delas lições de vida.

Inicialmente doidos para se mostrar para a câmera e com discursos de autoafirmação na ponta da língua, os catadores contam que leem livros que encontram no lixão, que passam vergonha na rua por voltarem para casa fedendo, falam dos problemas de relacionamente entre outras declarações. Mas o que poderia se passar facilmente com um quadro do Programa do Gugu dá lugar a uma posterior alegria de trabalhar com arte e de descobrir outra visão de mundo. É o brilho nos olhos que surge com naturalidade e credibilidade.

Só é uma pena que uma produção que deveria ser mais brasileira se torna um produto gringo que só é falado em português quando os catadores estão em cena. Sim, porque Vik narra em inglês e conversa com sua esposa e amigos apenas em inglês, quando todos são brasileiros. E não é porque eles são acostumados a falar entre si naquela língua. Tanto que, num momento de discussão calorosa, a esposa de Vik esquece que precisa falar em inglês e passa a discutir em português. Enquanto os catadores se despem para as câmeras depois de um tempo, este foi o único momento de extrema naturalidade da parte abastada do filme.

De extraordinário, este documentário não tem nada. Mas pelo menos também não é - nem de perto - lixo.

Trailer

(Waste Land, Brasil/Inglaterra, 93 minutos, 2010)
Dir.: Lucy Walker, Karen Harley, João Jardim
Nota 6,0

quinta-feira, 17 de março de 2011

Crítica: Não Me Abandone Jamais

O romance “Não Me Abandone Jamais” foi escrito por Kasuo Ishiguro - um escritor nipobritânico - e publicado em 2005. Pouco tempo depois já era aclamado pela Revista Time como o melhor livro da década. Não demoraria até que a história fosse parar nos cinemas.

Tudo se inicia numa hipotética 1952, quando a cura para as principais doenças da humanidade teria sido descoberta, através da doação de órgãos, advindas de clones humanos. Kathy, Tommy e Ruth são três destes clones; crianças criadas numa escola isolada, cuja principal regra é a superproteção dos alunos, para que eles não contraiam nenhuma doença e sejam seres capazes de doar órgãos saudáveis.

O destino daquelas crianças é um só (a doação) e é sabido que após algumas cirurgias para a retirada de seus órgãos, realizadas no início da fase adulta, elas morreriam. Mas os três amigos acreditam que exista uma chance de adiar as suas doações – e consequentes mortes – caso eles consigam provar que existe amor verdadeiro entre dois deles.

A adaptação para as telonas se deveu pelas mãos de Alex Garland, um especialista em roteiros futuristas e realidades alternativas, autor de das histórias de “Sunshine – Alerta Solar”, “Extermínio” (ambos dirigidos por Danny Boyle) e já contratado para escrever o roteiro do badalado “Halo”, previsto para 2012. Apesar de complexo, o roteiro trás situações críveis, como se aquela realidade fosse mesmo possível – e nos faz acreditar que realmente o são, de forma quase documental.

A escolha por não se construir um futuro, mas sim uma realidade alternativa, fez com que a direção de arte só tivesse o trabalho de reconstituir fidedignamente épocas já existentes e não se preocupar com objetos de ficção científica, nem muito menos que fosse preciso contratar especialistas em efeitos visuais, algo que também possibilitou o financiamento barato do filme. Na tela, o efeito de tal escolha surte ainda maior, pois a situação é perfeitamente plausível, afinal, a criação de clones humanos para fins donatários já é assunto discutido atualmente pelos cientistas.

Seguro, o diretor Mark Romanek (Retratos de Uma Obsessão) não deixa pontas soltas e mostra que sabe dirigir um grande elenco, arrancando atuações inspiradas de Carey Mulligan (Educação) e Andrew Garfield (A Rede Social), além de ainda poder contar com uma pequena, mas marcante participação de Sally Hawkins (Simplesmente Feliz). A ponta fraca da corda só é segurada mesmo por Keira Knightley (Piratas do Caribe), que se esforça, mas nem seus biquinhos convencem, num papel que definitivamente não fora feito para ela.

Os clones de “Não Me Abandone Jamais” acreditam que a pintura é uma arte capaz de revelar a alma dos seus autores. Se o mesmo valer para o cinema, a alma dos responsáveis por este projeto mostram ser grandes talentos da arte de se contar boas histórias.

Trailer:

(Never Let Me Go, Inglaterra/EUA, 103 minutos, 2010)
Dir.: Mark Romanek
Com Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley, Sally Hawkins
Nota 8,5

quarta-feira, 16 de março de 2011

Crítica: Cópia Fiel


Demorou até que Abbas Kiarostami, principal diretor iraniano da atualidade, saísse do seu país para contar histórias em outras paisagens. Resolveu fazê-lo com um roteiro sobre relacionamentos e sobre o que é autêntico ou reles cópia.

O cenário escolhido para a discussão foi a região da Toscana italiana, cuja beleza contrasta com a falta de romantismo em que viverá a dupla principal do filme. Ali, a rotina tranquila do povoado inspira a instropecção.

James Miller é um escritor que ganhara renome com o lançamento do seu novo livro, Copie Conforme, prêmio na Itália como o melhor estrangeiro do ano. Elle é uma admiradora e questionadora do trabalho dele e comparece à uma palestra que ele deu na cidade, às vésperas de sua volta para a Inglaterra. Impedida pelo filho de assistir a palestra, Elle convida James a fazer um passeio por Lucignano, na Toscana. O escritor aceita o convite.

A conversa entre os dois inicia-se como relação ídolo-fã e aos poucos transforma-se em discussão de relacionamento, como se fossem marido e mulher, numa construção de relacionamento que nunca fica clara. E isso não importa.

O interessante é a brincadeira que Kiarostami faz sobre o que é autêntico ou cópia, entre o real e o irreal, entre o que tem ou não valor e intensidade na vida. Ele mesmo coloca na boca de um dos seus personagens, à certa altura: “não há nada de simples em ser simples”. É a síntese desta sua nova obra. Não é simples entendê-la e não é simples gostar dela.

Como este é um filme sobre um casal (ou pseudocasal), era preciso encontrar atores que segurassem o abacaxi com vontade. Juliette Binoche (O Paciente Inglês) o fez como nunca. Está entregue e naturalmente bela. Em contrapartida, o estreante em cinema William Shimell entrega uma atuação apática, antipática e ofuscada pela experiente parceira.

O longa possui sequências ótimas, como a discussão bilíngue entre o inglês e a francesa; a forma com que a personagem feminina se mostra cheia de camadas, mas nunca perde a coragem de enfrentar o outro, denotada pelos olhares diretos constantes para a câmera, são desconsertantes.

O problema é que nem sempre competência e boa execução é sinônimo de genialidade. O diretor faz, sim, um bom filme e sua proposta é clara, mas seu ritmo é insosso. Ao contrário de sua obra de maior valor, “Gosto de Cereja”, não é prazeroso assistir “Cópia Fiel”.

Kiarostami construiu uma relação ambígua e fiel como a uma relação real, original, mas convenhamos: discutir relacionamento é chato e fica ainda mais massante quando se é apenas o espectador.

Trailer:

(Copie Conforme, França/Itália/Irã, 106 minutos, 2010)
Dir.: Abbas Kiarostami
Com Juliette Binoche, William Shimell
Nota 6,0

segunda-feira, 14 de março de 2011

Crítica: Em Um Mundo Melhor

A explicação para Em Um Mundo Melhor ter levado os prêmios de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro e no Oscar é só uma: a necessidade norteamericana de encontrar filmes que sirvam de exemplo de conduta para seus filhotes carentes.

Neste caso, o exemplo de conduta é Anton, médico que trabalha em uma missão em um lugar qualquer da África, onde a população sofre com constantes abusos sexuais de uma facção criminosa contra as suas meninas. Pai de família, Anton alterna seu trabalho com a vida na Dinamarca, onde moram sua esposa e seus filhos. Um dos garotos (Elias) cria problemas na escola, depois que resolve revidar, com a ajuda e influência do novo amiguinho de classe (Christian), um bullying que sofrera.

Os dois garotos, retratados como vítimas da sociedade, têm seus atos justificados. Christian, coitado, sofre com a perda da mãe e por isso pode maltratar o pai, explodir carros e portar uma faca a ponto de cravá-la em alguém. Elias, tadinho, sente a ausência do pai e é isolado pelos coleguinhas da escola.

Cabe a Anton mostrar, tanto à comunidade africana quanto ao seu filho e o amigo deste, que violência só gera violência e que, se um dia lhe batem na cara, o mais nobre é oferecer o outro lado da face para o agressor. Muito comovente. Pelo menos para a diretora.

Se por um lado ela traça um perfil  mais que miserável da população africana, por outro exagera na dose e dá uma lição de moral contínua à burguesia dinamarquesa, frisando que só a educação e a família podem salvar a sociedade da brutalidade dominante. Em seu longa, iguala os problemas das duas sociedades de maneira cega e injusta. Coloca tudo num mesmo saco, como se a farinha fosse a mesma.  Poderia até estar bem intencionada, mas só demonstra arrogância.

Para além disso, generaliza o problema africano. O local onde se passam as cenas africanas é oculto. Para ela, isso não importa. No continente africano tudo é igual. O mundo dinamarquês é maior e precisa de nome.

Mas se tem algo que este longa tem de bom é a sua fotografia, limpíssima e com cores bem fortes, ressaltando tanto a beleza das savanas africanas quanto as pradarias dinamarquesas. Mas fotografia sozinha não leva Oscar de filme estrangeiro – que o diga A Fita Branca, de Michael Haneke.

O que Susanne Bier coloca aqui de forma bem direta e piegas na boca de seus personagens, Gus Van Sant colocou infinitamente melhor e com sagacidade nos gestos dos seus adolescentes em Elefante. Aquele sim entende que cinema não é feito para dar desculpas ou explicar as mazelas da humanidade. Em Um Mundo Melhor é filme para cientista social ver – e não necessariamente gostar.

Trailer:

(In a Better World, 113 minutos, Dinamarca/Suécia, 2010)
Dir.: Susanne Bier
Nota 3,0

domingo, 13 de março de 2011

Crítica: Restrepo

Em declaração, os documentaristas Tim Hetherington e Sebastian Junger disseram que sua intenção, ao fazer Restrepo, era retratar a rotina dos soldados numa guerra, com todo o tédio e medo que estes vivenciam num campo de batalha. Assim, os cineastas passaram um ano acompanhando um grupo de soldados que servia os EUA na Guerra do Afeganistão, na região deste país denominada Vale do Korengal.

A base militar onde estavam os soldados do filme foi tida como uma das mais perigosas bases norteamericanas no Afeganistão e seu nome foi dado em homenagem ao médico do batalhão, Restrepo, que morreu em serviço.

Como uma versão real de Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2009), Restrepo só intenciona mesmo seguir os soldados, sem a necessidade de fazer uma análise explícita da guerra, ou seja, sem entrevistar autoridades dos EUA ou tentar ouvir líderes talibãs. Mas ouve os soldados, que dão suas entrevistas e relatam suas experiências e sentimentos em relação aquele período.

Assim, o filme assume sim, um lado. O lado destes soldados, que querem se vangloriar de ter servido a pátria e querem se vitimizar por participar de momentos tão crueis. Alguns parecem ter orgulho de sua contribuição à nação, outros demonstram tristeza e arrependimento. O fato é que só eles têm o direito de se expor. Os soldados e a população do outro lado da guerra não são ouvidos e temos ali apenas um lado da moeda. Mesmo assim, é possível extrair qualidades e defeitos dos soldados, especialmente nos momentos em que a câmera capta sua rotina, sem entrevistá-los.

Aqueles homens parecem não ter tanta vontade de estar ali e comemoram quando recebem a notícia de que em breve irão embora. Em um momento de guerra ativa, eles se revelam desesperados com a possibilidade de perder algum dos seus companheiros e ali deixam toda a sua fragilidade à mostra, sem nenhuma máscara. É quando se mostram humanos e não máquinas a serviço do país.

Mas não há como sentir pena deles. Eles também optaram por ir para lá, mesmo não tendo noção real do que os esperava. E mais: se mostram verdadeiros animais com sede de vingança e comemoram imensamente – e gritam e xingam odiosamente – quando matam um dos soldados inimigos.

O maior mérito do filme pertence aos cineastas, corajosos de passarem um ano inteiro num lugar tão perigoso, em prol de mostrar seus registros para o mundo. Mas é difícil acreditar que existem herois numa guerra ou que existe alguma justificativa plausível para a existência dela, ainda mais depois de assistir a um filme como estes - não que seja necessário assistí-lo para tirar qualquer conclusão neste sentido.

Também é difícil sentir alguma simpatia pelo filme, que causa mais indignação do que admiração. Restrepo é filme para ser visto uma vez só e depois estocado numa prateleira empoeirada da memória, junto de uma penca de outros filmes que tratam do mesmo tema, com as mesmas opiniões e cenas, que ninguém tem mais vontade de ver.

Trailer:

(idem, EUA, 93 minutos, 2010)
Dir.: Tim Hetherington e Sebastian Junger
Nota 6,0

sábado, 12 de março de 2011

Preview: Catfish

Na onda dos mockumentarys (falsos documentários) e toda a discussão sobre a manipulação de informações, edições tendenciosas, o que é ou não verídico em um documentário, surge “Catfish”, vendido como o registro da relação de um fotógrafo com uma fã de oito anos de idade que transforma o trabalho dele em pinturas.

Nev Schulman, o fotógrafo, trabalha no mesmo escritório que o irmão e um amigo, ambos documentaristas. Quando Abby, a garotinha, envia para Nev por e-mail uma foto do primeiro quadro que pintara com base no trabalho dele, os três resolvem documentar a relação que começara a ser construída, desde o começo.

A partir daí, muita coisa acontece e é recomendado que ninguém busque mais informações sobre o filme antes de assistí-lo. Marketing ou não, esta é a melhor atitude a se tomar. E é por isso, também, que esta crítica está enxuta: para não denunciar mais que o essencial.

Discussões sobre realismo ou farsa à parte, “Catfish” é um filme de história incrível e aparentemente sem roteiro. Talvez por isso, passeie desde o romance, até a comédia, o drama e o suspense. Fala sobre afeição, relacionamentos, arte e imaginação e o uso da internet como terreno fértil e livre para ser o que se queira.

O bagre (ou catfish, em inglês) é um peixe predatório que era comumente colocado nos containers de pesca enviados para a China, para que os outros peixes passassem a viagem tentando evitá-los e assim, mantendo-se em movimento constante, evitando que suas carnes se amaciassem em demasiado ao chegar no seu destino.

Catfish, o filme, trata de pessoas que são como estes bagres, que servem para agitar a vida daqueles ao seu redor e mantê-las em movimento, trazendo renovação, novos respiros. O próprio documentário é assim: trás inovação, fôlego ao gênero e coloca um pulga atrás da orelha de quem o assiste: aquilo tudo é ou não real?

Edificante, tocante, envolvente, surpreendente: adjetivos que cabem para seja lá o que esta obra for, pois no fim, o que menos importa é a resposta.

 

(idem, EUA, 87 minutos, 2010)
Dir.: Ariel Schulman, Henry Joost
Nota 9,0


Previsão de estreia no Brasil (atualizado em 12/03): infelizmente, o filme ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.

terça-feira, 8 de março de 2011

Crítica: Rango

Está demorando, mas aos poucos vão surgindo demonstrações de que a Pixar não reinará mais sozinha no campo da excelência das animações. Já em sua estreia como produtora, a Industrial Light & Magic – responsável pelos efeitos especiais de Avatar e outras dezenas de blockbusters que você já viu – firmou parceria com o canal de tevê Nickelodeon e chamou um time de primeira linha para realizar este Rango.

Gore Verbinsky, diretor da trilogia Piratas do Caribe, também é estreante no campo da animação, assim como o roteirista John Logan (Gladiador). O primeiro sai-se bem e tem neste o seu melhor trabalho. O segundo parece não ter a mesma sagacidade para roteirizar animações, mas é competente o suficiente para segurar esta história com uma fluidez impressionante. Sua única grande falha foi não desenvolver o tema da falta de água no mundo, questão pertinente que o filme tenta tocar, mas não sai do nível da superficialidade.

Apesar de abusar dos clichês e se apoiar na premissa do malandro mentiroso que se passa de rei para se safar da perseguição de uma comunidade, a história não dá grandes saltos, cria passagens que interligam naturalmente os acontecimentos e trás ótimos momentos de paródia aos faroestes spaghetti dos anos 60, especialmente num momento de homenagem muito bem contextualizada, a um dos maiores símbolos daquele estilo de filme.

A equipe responsável pelos efeitos em CGI (computação gráfica) caprichou e o visual de Rango não deixa em nada a dever a qualquer concorrente. A caracterização dos personagens, a textura de cada bicho nojentinho daquele cenário desértico é incrível.

A trilha sonora é mais um primor assinado pelo alemão Hans Zimmer, que misturou cucaracha mexicana com trilha de faroeste pastelão e só acrescentou à atmosfera hilariante do filme.

Mas quem se destaca mesmo e é o grande trunfo desta produção é Johnny Depp, dublando o personagem-título com um sotaque do nível de Jeff Bridges em Bravura Indômita, só que voltado para a comédia. Ele é hilário e é peça fundamental para o sucesso de Rango.

A dublagem brasileira, segundo o consenso das críticas, não deixa a desejar. Então, tudo bem, quando acaba bem. Mas que os brasileiros vão perder o melhor da festa (Depp), ah, isso vão...

Trailer:

(idem, EUA, 107 minutos, 2011)
Dir.: Gore Verbinsky
Com as vozes originais de Johnny Depp, Abigail Breslin e Bill Nighy
Nota 8,5

sexta-feira, 4 de março de 2011

Crítica: O Segredo de Kells

O Livro de Kells é datado de 800 DC e é tido como um dos livros mais antigos do mundo. Fica aberto à exposições, mas muito bem protegido, na Trinity College, universidade conceituada situada em Dublin, na Irlanda. Suas iluminuras e sua escrita – toda em latim – representam a cultura dos povos celtas que habitaram a região de Iona.

O filme “O Segredo de Kells” conta a história deste livro, na época de sua criação, pouco antes dos ataques vikings que obrigaram a população a se mudar para o Monastério de Kells, no Condado de Meath. Mas, para tornar a história mais acessível, os diretores Tomm Moore e Nora Twomey decidiram fazê-lo em formato de animação, com um roteiro permeado de fantasia.

Brendan é um garoto que se prepara para se tornar monge. Sua fascinação pelo famoso livro a ser escrito o leva a desobedecer ordens de ficar longe da floresta, para tentar encontrar os corantes ideais para se pintar as iluminuras do livro. Lá, ele conhece Aisling, uma “protetora da floresta”, com poderes encantados, que poderá ajudá-lo em sua busca.

A estética empregada se assemelha bastante às iluminuras do livro original, o estilo sem perspectivas pré-renascentista. É de uma fidelidade visual que impressiona e encanta, especialmente aqueles que já viram ou conhecem a história do Livro. É o resultado de um trabalho minucioso, todo feito à mão.

O orçamento da animação, uma pechincha de 6 milhões de euros, fez com que os diretores produzissem parte do filme em quatro países de custos baixos no ramo: Bélgica, Hungria, França e... Brasil! Surpreendendo com sua forma de produção e sua estética, o filme acabou entrando na corrida pelo Oscar de melhor animação em 2010, concorrendo com pesos-pesados, como “Up”, “A Princesa e o Sapo”, “Coraline” e “O Fantástico Sr Raposo”. Não venceu, mas seu feito é admirável.

O Segredo de Kells” é uma animação cheia de fantasia e aventuras. Suas passagens extremamente sombrias hão de agradar aos adultos, ao mesmo tempo que não afastarão o interesse das crianças. Um filme ainda a ser descoberto pelo público, depois de ter seu caminho aberto pelas premiações e pela crítica.

Trailer:

(The Secret of Kells, 75 minutos, França/Bélgica/Irlanda, 2009)
Dir.: Tomm Moore, Nora Twoney
Nota 8,5


quarta-feira, 2 de março de 2011

Crítica: Uma Noite em 67

Em meio a uma safra tão boa e renovadora de documentários nacionais, “Uma Noite em 67” surge como um bom instrumento de informação, mas seu formato extremamente tradicional o torna quadrado e cansativo.

Os diretores Ricardo Calil e Renato Terra contam a história do histórico festival da canção da Rede Record, em 1967, através do depoimentos dos participantes daquele evento, dentre eles cantores, jurados, compositores e alguns integrantes da equipe do programa.

O festival teve sua importância elevada ao nível histórico por mobilizar fervorosamente os espectadores, parar o país para assistí-lo, além, é claro, de ter revelado músicas e artistas hoje consagrados no Brasil.

A fórmula escolhida para falar sobre o festival foi através das cinco primeiras colocações dos festival. Uma linearidade insossa e ultrapassada, cuja única vontade que desperta é a de que chegue logo a apresentação das músicas em questão.

As cinco músicas, além do número em que o cantor Sérgio Ricardo se exaltou por causa das vaias, chegando a quebrar o próprio violão, são apresentadas na íntegra, assim como várias entrevistas nos bastidores do programa.

A pesquisa de imagens de arquivos é um dos pontos fracos do filme, pois concentra-se apenas em resgatar o programa em si, sem contextualizar a situação também através de imagens da época. Pode ter sido uma opção dos diretores em falar apenas daquela “noite em 67”, mas tal escolha empobreceu o documentário, colocando-o em nível de programa de tevê, destes sobre as curiosidades de um evento.

Uma Noite em 67” é feito com preceitos primários dos documentários, sem apresentar o menor dinamismo ou (tentativa de) inovação. Só se salva da condição de “ extremamente chato” porque trata de um assunto interessante.

Trailer:

(idem, Brasil, 85 minutos, 2010)
Dir.: Ricardo Calil e Renato Terra
Nota 4,0
 
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