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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ó Paí, Ó

Lázaro Ramos pode fazer sucesso nas paradas pop televisivas, mas que bom que usa isso para o bem. Depois de se tornar um ator bem sucedido no cinema e na tv, Lázaro voltou a Salvador em 2007, para reunir o seu antigo grupo de teatro (o Bando de Teatro Olodum) e viabilizar, a partir de sua influência no mercado cinematográfico, a adaptação de sua peça na época em que fazia parte do grupo, a peça que dá nome ao filme.

Pois bem, ele sabia o que estava fazendo. O filme teve apelo popular suficiente para se tornar sucesso de qualidade, com mais de 300 mil espectadores, marca bem alta para os padrões de um filme independente. Foi tão bem que depois ainda rendeu um seriado na Rede Bobo, igualmente engraçado.

Seu antigo grupo conta com um elenco excelente, artistas detentores das melhores interpretações do filme, apesar deste contar com participações de artistas globais de peso, como Dira Paes (igualmente excelente), Wagner Moura (outro soteropolitano competente, mas que aqui não serviu para muita coisa) e Stênio Garcia, apagado em meio a tanto entrosamento do restante do elenco.

Os anos de peça e a sintonia adquirida entre os atores tornou possível desenvolver uma naturalidade tão grande que é difícil encontrar algum momento em que o filme perca a sinestesia. Mas é Lázaro quem dá um show, voltando às raízes que o revelaram com Madame Satã, declarando, através da interpretação, seu amor pela terrinha que o revelou.

É a história de um cortiço em Salvador, mais especificamente no Pelourinho, que fica ainda mais em rebuliço às vésperas do carnaval, com as figuras mais esquisitas e o lado mais fanfarrão e malandro aflorando em cada um ali presente.

Toda essa confusão armada serve como pano de fundo para mostrar que no carnaval não acontecem somente coisas boas. O crime e o tráfico acontecem com mais força que de costume, os esquemas de bandidagem se armam e tudo convive, em certos momentos até respeitando o espaço da folia e do fervor religioso daqueles que excomungam a festa, dizendo que aquilo é obra do chifrudo (não deixa de ser, mas de vários chifrudos e de outra espécie!). Em outros momentos, um invadindo o espaço do outro.

Mas felizmente o que toma conta do filme é o clima de festa que impera na Bahia e isso transparece ao público em cada fotograma.


Os vinte minutos que introduzem a história são excelentes, de uma eficiência e fluidez perceptível, o que me fez pensar: “-Que legal, o cinema nacional já evoluiu à esse ponto de cuidado narrativo!”

A trilha sonora age, naqueles que não gostam de carnaval, da mesma forma que quando estes vão lá: envolvem-se e libertam-se dos preconceitos. Para os que já gostam de axé, forró, calypso, afroreggae e todos os ritmos misturados do nordeste, resta-lhes curtir ainda mais. E comemorem aqueles que já enjoaram de ouvir Caetano Veloso em trilhas de filmes (culpa da produtora Paula Lavigne - ex-mulher do cantor - e sua Natasha Filmes, que acha que em TODOS os projetos que banca tem que dar uns trocadinhos a mais para Caetano): a música dele só toca quando os créditos sobem, daí você poderá desligar o dvd ou assistir os extras sem o menor problema.

Enfim, fluidez perfeita, Ó Pai Ó, alegria é seu nome, mesmo quando há tragédia no show da vida. É baianidade à flor da pele, é energia boa, são personagens memoráveis e é isso que enaltece o Brasil e seu cinema. E o negro é lindo, a Bahia é linda e o filme também, vixe?!

Ó Paele, Ó!


Ó Paí, Ó (Brasil-2007)
Dir.: Monica gardenberg
Com: Lázaro Ramos, Dira Paes, Wagner Moura, Stenio Garcia e Bando de teatro Olodum

Nota 8,7

terça-feira, 28 de julho de 2009

Assinado o projeto de lei do Vale Cultura

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou na noite do dia 23 de julho, em São Paulo, em cerimônia organizada pelo Ministério da Cultura, o projeto de lei do Vale Cultura, benefício que oferecerá ao trabalhador um cartão magnético no valor de R$ 50 para consumir produtos culturais como filmes, espetáculos teatrais e na compra de DVDs e livros. “O Vale Cultura é parte do projeto de nação e de sociedade do governo Lula, no qual a cultura é reconhecida como um item de primeira grandeza. Estamos levando arte e cultura para a mesa dos brasileiros, para que a alma da população seja bem nutrida e o cidadão tenha um pouco mais do que o básico à sua existência”, declarou o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, que abriu a cerimônia.

“Nós construímos um indicador que mapeia a demanda por salas de cinema em todo o País. Temos 73 cidades com mais de 100 mil habitantes sem salas, além de áreas de concentração de classe C nas grandes cidades onde é possível estabelecer parcerias com empresas privadas. Como bem disse o presidente, o estado não vai abrir salas, mas criar condições de financiamento, de desoneração tributária para viabilizar sua abertura. Há exibidores dispostos a isso, que já sinalizaram para nós esse interesse, e o discurso do presidente dá um comando para todo o governo”, concluiu Rangel.

Para o presidente da Associação Paulista de Cineastas, Ícaro Martins, o Vale Cultura “vai ajudar a recuperar uma fatia de público que o cinema brasileiro já teve em anos anteriores”. “Este projeto é uma unanimidade em todos os setores da cultura no Brasil. Esperamos que entre em operação logo e que em médio prazo se torne uma coisa exponencial”, declarou.

Concebido nos moldes do vale-refeição, ele consiste num cartão magnético fornecido pelas empresas aos trabalhadores, permitindo-lhes adquirir ingressos de cinema, teatro, shows, livros, CDs e DVDs.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, “na realidade, o Vale-Cultura peca por falhas de concepção, como advertem os especialistas. A mais grave é o risco de que grande parte do dinheiro, em vez de ajudar na formação dos trabalhadores de baixa renda, vá para produtos e eventos culturais de grande apelo popular, mas com escasso teor educativo, como shows de axé, livros de autoajuda e comédias de gosto duvidoso, protagonizadas por atores de televisão. Isso porque o governo não se preocupou em vincular o Vale-Cultura a medidas educativas, estimulando o professorado a aliar cultura ao currículo escolar, como tem sido enfatizado pelo Ministério da Educação, ou restringindo a concessão do auxílio a alunos da rede pública, com direito a levar os pais a eventos culturais dentro ou fora da escola”.

Já o jornal A Notícia, de SC, ressaltou a boa receptividade por parte dos produtores da região. Em entrevista ao jornal, entretanto, Fábio Brügemann, editor da Letras Contemporâneas, disse que vê a lei com reservas. “A proposta é legal, mas se vai funcionar é outra coisa. Existe uma porção de gente a fim de ir ao teatro e parece que a lei vai criar a possibilidade”, comenta. Para a produtora executiva da Camerata Florianópolis, Maria Elita Pereira, a lei é interessante, mas é preciso que a aplicação seja fiscalizada.

Depois de chegar à Câmara, o projeto deverá ser votado em um prazo estabelecido de 45 dias. Se for aprovado, segue para a apreciação do Senado. Quando assinou o projeto, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que, depois da passagem do projeto de lei pelo Congresso, caberá aos empresários e às entidades do meio cultural divulgar e promover o Vale-Cultura de forma que todos fiquem sabendo.

O projeto gerou opiniões divergentes na imprensa, mas teve o apoio dos artistas. Tem tudo para dar certo. Resta torcer para que ele seja levado a sério e que, se aprovado, tenha a devida fiscalização, para que o Vale seja usado da forma como foi concebido. E que isso não vire apenas mais um projeto como fins eleitoreiros.

O Ministério da Cultura criou um blog só para explicações e notícias sobre o projeto. Lá tem o texto do projeto, um vídeo explicativo que o Ministério produziu e diversas notícias de jornais, com as mais diversas opiniões. Quem quiser saber mais, o endereço é: http://blogs.cultura.gov.br/valecultura/


Fonte: Ancine

domingo, 26 de julho de 2009

Inimigos Públicos

É um problema quando depositamos uma expectativa muito grande num filme e ele não corresponde. A sensação de frustração é bem maior do que quando vemos algo que não era pra ser nada... e fica mesmo no nada! Decepção é o termo mais correto.


Foi assim que fui assistir Inimigos Públicos: coberto de expectativa. Afinal, trata-se de um filme de Michael Mann (do ótimo Colateral e O Informante), com três atores que gosto muito (Johnny Depp, Christian Bale e Marion Cottilard) e com um argumento que parecia muito bom, mas que não se concretizou num bom roteiro.

Inimigos Públicos é passado na década de 30, nos EUA, quando uma onda de assaltos e roubos a bancos assola o país. As ações dos bandidos dominam as manchetes e a população acompanha as notícias das caçadas a eles como se acompanhassem uma novela. Um dos casos mais famosos é o de John Dillinger (Depp), perseguido pelo agente Purvis (Bale). É basicamente essa caçada que acompanharemos no filme, que abrirá ainda, espaço para um romance (sim, porque filme de ação com romance rende mais bilheteria). O roteiro é baseado no romance homônimo de Brian Burrough.

O que era para ser um filme de ação intricada, desses que prendem a atenção do começo ao fim, com atuações admiráveis e diálogos inteligentes, torna-se uma ode a um dos maiores bandidos da história dos EUA. E olha que teve crítico elogiando o filme justamente por fazer essa ode (sim, exatamente com este termo) ao bandido. Impressionante como os valores se invertem. O pior é que estamos tratando de um retrato de personagens reais. Era para tratar como memória, mas distorce os fatos e somos induzidos a torcer pelo vilão, talvez pela má distribuição de papéis, já que Depp é mais carismático do que Bale e este é retratado como o mau da história, enquanto Depp é quem tem o romance com a mocinha e tem com ela uma historinha de amor. O próprio diretor inicia o filme dizendo (escrevendo) que trata-se do retrato da "época de ouro dos roubos". Parece ver glamour nisso.

Além disto, as interpretações não passam de regulares (à exceção de Billy Crudup, péssimo e inchado), o desenvolvimento é maçante e há um excesso de cenas de tiroteiro, que deixam qualquer um cansado depois de mais de duas horas de barulho. O roteiro é cheio de furos (o que aconteceu com o chefe do FBI (Crudup), que depois de certo tempo some do filme e nunca mais volta?), com personagens mal explicados (os bandidos ligados a John Dillinger, Baby Face Nelson e Pretty Boy Floyd) e diálogos mal elaborados. Cadê a cena de confronto que todos torcemos, entre bandido e policial? Não há A grande cena, com um diálogo de dar medo entre os dois, como geralmente acontece nos filmes de gânsters. Até a personagem de Marion Cottilard (longe da maquiagem pesada de Piaf) é esquecida por um bom tempo, voltando mais perto do final, para o desfecho e as explicações pós-créditos do que aconteceu com os personagens. A grande emoção vem através dela, na última cena do filme, mas ficam faltando muitos "algos" para o filme ser bom.
O melhor do filme está nos quesitos técnicos, com uma ótima trilha sonora, som bem trabalhado, figurinos impecáveis e uma reconstituição de época invejável (que puta direção de arte!). Os cenários são refeitos pensando em tudo: dos carros aos postes de rua, dos cinemas (onde se passam as duas melhores cenas) ao forro de cama, do relógio de bolso ao rádio Zenith. Nestes quatro quesitos não será difícil o filme ser indicado ao Oscar. O som mescla a clareza, obtida com as novas tecnologias, com os agudos acentuados e robotizados, como o dos veículos de comunicação da época.


Um filme com uma equipe técnica invejável, mas que jogou todo o trabalho pelo ralo, em prol de mais ação e consequentemente, dinheiro em caixa. Michael Mann não soube unir o útil ao agradável. Na verdade, não teve (até agora) êxito nem na qualidade e nem nas bilheterias.





Inimigos Públicos
(Public Enemies, EUA, 140 minutos, 2009)
Dir.: Michael Mann
Com Johnny Depp, Christina Bale, Marion Cotillard, Billy Crudup, Stephen Dorff, Lily Taylor
Nota 4,5

Aviso pós post: queridos leitores, desculpem pelos poucos posts nos últimos dias. Meu notebook pifou e perdi tudo que tinha nele, a menos que o pessoal da técnica consiga resgatar as informações. Até que tudo volte ao normal, será difícil eu responder os comentários (assolados por uma praga chamada JS-Kit) e postar com mais frequência, pois é chato ir a Lan Houses para postar, com tempo contado.

Um abraço e obrigado pela compreensão!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CTAv lança blog sobre preservação audiovisual

Entrou no ar nesta semana, um novo blog do pessoal do CTAv (Centro Técnico Audiovisual), Plano-Geral.

No blog, serão tratadas questões sobre preservação audiovisual, tendo como principais postantes o diretor do CTAv, Gustavo Dahl; o pesquisador e professor Rafael de Luna Freire e o conservador da Cinemateca do MAM, Hernani Heffner.

O tema “preservação audiovisual” é um tema que merece ser discutido permanentemente. É a velha história: um país sem memória é um país sem identidade. E os registros fílmicos contribuem muito para a compreensão do panorama atual do país, não só do cinema, mas de toda a sua cultura. Os filmes antigos, mesmo os de ficção, servem como fontes de pesquisas históricas e ajudam a entender os contextos político e sociológico em que foram feitos.

O trabalho de preservação, para ser realizado com sucesso, precisa da conscientização dos produtores e principalmente, do apoio financeiro das instituições, que no Brasil são predominantemente públicas, mas não suficientes para abrandar a situação dos filmes, já que o processo de restauro e preservação é caro e não consegue atender à demanda. A quantidade de filmes que já desapareceram ou que encontram-se em processo de deterioração é enorme. Se medidas não forem tomadas a todo o momento, esses registros culturais podem desaparecer de vez, virando, literalmente, vinagre.

Fica aí a dica do blog, que disporá artigos de pessoas importantes ligadas à questão, informações sobre a pesquisa no acervo do CTAv e utilização da cabine de projeção de lá e também fará, mensalmente, sorteios de livros e dvds raros (este mês, uma coleção de dvds do Humberto Mauro será sorteada).

O endereço é http://www.ctav.gov.br/plano-geral/ . Não percam!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Divulgado o primeiro trailer de Alice in Wonderland


Caiu na rede o primeiro teaser trailer do novo filme de Tim Burton, promessa de visual arrebatador e diversão sombria de primeira qualidade.
Destaque para a rainha cabeçuda Helena Boham-Carter e para o Chapeleiro Maluco Johnny Depp.
O que acham?
Ansiedade...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Kabluey

Faz tempo que não posto nenhum filme com torrent por aqui, então resolvi reassistir este filme, cuja estreia no Brasil provavelmente nunca acontecerá e as chances de chegar em dvd são igualmente remotas, já que trata-se de uma produção independente, pouco divulgada e que praticamente não saiu do país de origem, os EUA.

O título (Kabluey) não tem um sentido claro, é apenas uma onomatopeia, já denunciada na miniabertura, como um dos efeitos sonoros dos seriados antigos do Batman. Pela interpretação que fiz da abertura, seria como o barulho de um “abortinho da natureza”, que surge repentinamente, no meio do nada e que serve para... nada! É como o seu protagonista é tachado no início do longa.

Salman é um sujeito (aparentemente) bobão, que não consegue emprego em lugar algum. Sem dinheiro, aceita o convite da cunhada Leslie para ajudar a cuidar dos filhos dela, já que o irmão dele foi convocado a servir na Guerra do Iraque e ela não pode deixar o trabalho para ficar com os filhos. O problema é que os sobrinhos de Salman são dois garotinhos insuportáveis, desses que aprontam todas e que na frente da mãe são uns santinhos (fala sério, todo mundo tem, já teve ou terá algum exemplo desses na família). Obviamente, Salman não consegue domar os pestinhas birrentos e Leslie decide que não quer deixá-los mais sob os cuidados dele. Como Salman não tem dinheiro nem para comprar a passagem de volta para sua cidade, Leslie consegue-lhe um emprego. Reparem no emprego: a vaga era destinada a deficientes mentais (!), que deveriam fantasiar-se do boneco cabeçudo e azul, símbolo da BluNeXion (uma empresa à beira da falência, que aluga escritórios), para distribuir os panfletos de divulgação da empresa. Já no encontro com o primeiro cliente, descobrimos, através de uma ex-cliente com muito ódio no coração, o porquê da BlueNeXion estar falindo.

O filme apresenta-se como uma comédia de estereótipos, mas, aos poucos transforma-se em uma dramédia de situações bem delicadas, quando os segredos da amargurada Leslie vêm à tona e a sociedade mostra-se muito mais hipócrita e mesquinha do que imaginávamos. É o momento exato para para o bobão revelar suas outras camadas, que escondem um cara valente e sensível. Sem pieguices.

É interessante que as situações mais engraçadas surjam do momentos silenciosos, principalmente quando Salman está trabalhando, debaixo do bonecão deprimente (de contornos parecidos com os do robô do Guia do Mochileiro das Galáxias). O timing da edição e os ângulos escolhidos também têm sua parte na graça. A contraposição de imagens “diz mais que mil palavras”.

O roteiro é bem simples e redondinho, mas que deu brecha a um furo que vou contar (não é spoiler): afinal, com quem ficaram as crianças, depois que Salman e Leslie passaram a trabalhar, já que a mãe não tinha dinheiro para pagar uma babá, motivo pelo qual ela convidou o cunhado a fazer a tarefa? Fora isso, tudo bem no país dos benbens.

Eu poderia citar “n” situações que explicam a delicadeza do filme, mas talvez isso diminuísse o prazer de assistí-lo. Mas acreditem! Por trás (ou dentro) do bonecão azul e das esquetes de sitcom patetas existe mais humanidade do que em muitos dramas sociais que vemos por aí.

Completando o pacote, Kabluey ainda conta uma descolada trilha sonora, com muito pop indie e um bônus pós-créditos com um clipe do Of Montreal, feito com uma animação muito legal do boneco Kabluey parodiando vários outros filmes e seriados conhecidos, como Os Simpsons e o 007.

Então, seguindo a política de democratização do acesso à informação, aí vai o torrent, extraído da magnífica comunidade MakingOff. Espero que gostem!

Trailer:



Kabluey

(Kabluey, EUA, 86 minutos, 2007)

Dir.: Scott Prendergast

Com Scott Prendergast, Lisa Kudrow, Christine Taylor

Nota 8,0

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Nevoeiro

Agora entendo por que O Nevoeiro recebeu críticas tão díspares no ano passado, quando foi lançado. É desses filmes que dão margens para o espectador interpretarem-no de duas formas: uma opção é vê-lo como um filme de horror e reparar só na história superficial que é contada; a outra opção é a de dar um crédito mais sério ao filme e interpretá-lo pelas entrelinhas. Então, dificilmente quem o assiste com o olhar da primeira opção gostará dele.

A situação é a seguinte: um estranho e gigantesco nevoeiro cobre toda uma cidade. Parte da comunidade fica presa num supermercado e após algumas tentativas fatais de sair de lá, descobrem que há monstros não-identificados à espreita, em meio ao nevoeiro. O que fazer? Sair de lá e enfrentar o desconhecido (podendo chegar num lugar seguro) ou ficar, tendo cada vez mais aumentado o risco de invasão dos seres assassinos?

The Mist (título original) é mais uma adaptação de uma obra de Stephen King para as telonas, a quarta dirigida por Frank Darabont (as outras experiências foram À Espera de Um Milagre, Um Sonho de Liberdade e o curta de 1983, The Woman in The Room), mas é a primeira vez que o diretor filma um conto de horror do escritor.

O resultado é uma mistura de A Vila (2004) com Sinais (2002), tratando do isolamento de uma comunidade (que, no caso, não sabe o que os espera do lado de fora do supermercado) e de fé (ou o quanto as doses aquém ou além disso podem prejudicar as pessoas).

O filme perde muito nos quesitos técnicos, com efeitos visuais muito ruins, que me lembraram os efeitos de filmes dos anos 80 ou de tosqueiras do início dos anos 90, como Fome Animal (de Peter Jackson, 1992) ou ainda (o que é pior) dos efeitos dos mutantes da Record. Por mais que (nos extras do dvd) a equipe explique a elaboração e o passo-a-passo da execução dos efeitos, a mistura dos efeitos especiais com os efeitos visuais não ficou nada boa. O curioso é que os efeitos em CGI foram feitos pela CafeFX, mesma empresa que assinou os criativos efeitos de O Labirinto do Fauno. Até a maquiagem é tosca (as feridas no rosto de alguns mais parecem tampos de plástico vermelho). Há também erros gritantes de continuidade, como numa cena em que uma personagem tem o rosto sangrando e no plano seguinte, da mesma cena, o sangue sumiu!

Perguntei-me, ao final, se o aspecto de filme B foi proposital. Assisti aos extras do dvd e constatei que não, eles realmente quiseram fazer algo sério e com efeitos realistas. Era melhor ter se assumido como trash de conteúdo. Pelo menos seria mais compreensível.

O roteiro entrega maus argumentos aos personagens e dá a eles o velho estigma de norteamericanos verborrágicos e burros que os filmes do gênero tanto gostam de imprimir, mas desenvolve muito bem o seu contexto geral. A direção de Darabont é precisa: ele sabe dosar bem as cenas de suspense, horror e as cenas de drama e desespero dos personagens.

Na primeira metade do filme, a câmera passeia entre os moradores da comunidade, como se fosse um deles e permanece assim, até que o mistério começa a ser revelado e ela torna-se onipresente, para que melhores ângulos pudessem ser captados. Ficou interessante também o uso de vários zooms curtos e rápidos, captando a ação de forma documental, como nos filmes da trilogia Bourne ou no seriado 24 Horas. Uma pena que não lançaram o filme como o diretor inicialmente havia pensado: em preto-e-branco (versão lançada só em dvd, junto com a versão de cinema, nos EUA).

No entanto, tudo o que citei fica para trás quando emergimos na contínua reflexão que Darabont faz e das mensagens que nos transmite através das ações dos personagens, principalmente da pregadora insuportável sra. Carmody (Marcia Gay Harden) e do durão-líder-da-situação David Drayton (Thomas Jane), que depois de muitas ações equivocadas perde o controle da situação e beira a insanidade.

Depois de muito horror, é chegado o final inesperado, doloroso até para quem assiste. Enquanto sobem os créditos, é hora de parar para refletir e organizar os pensamentos, tão remexidos e confundidos no decorrer do filme.


Trailer:


O Nevoeiro

(The Mist, EUA, 126 minutos, 2007)

Direção: Frank Darabont
Roteiro: Frank Darabont, baseado em livro de Stephen King
Produção: Liz Glotzer e Frank Darabont
Música: Mark Isham
Fotografia: Ronn Schmidt

Com Thomas Jane, Márcia Gay Harden, Laurie Holden, Toby Jones

Nota 8,0

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Casa de Areia e Névoa

Tem uns filmes que eu sempre postergo assistir, não sei o porquê. Acabo assistindo-os, por um “acidente de percurso”. Foi o que aconteceu com Casa de Areia e Névoa. Talvez não fosse mesmo o caso de ter urgência em assisti-lo, mas pelo menos foi interessante e me envolveu.

Trata de um desses casos que causam revolta em quem assiste, pelo estrago que uma atitude arrogante do Governo pode fazer na vida das pessoas.

Kathy (Jennifer Connely) sofre profunda depressão por ter sido abandonada pelo marido. Por causa disso, passou a viver escondida em casa. Acaba expulsa pelo governo, sob o pretexto de que não pagava seus impostos. Antes mesmo que ela recorresse para conseguir retomar seu bem, a casa é vendida a “preço de banana” para os Behrani, uma família de imigrantes iranianos, cujo chefe (Ben Kingsley) o fez com a intenção de vendê-la posteriormente pelo quádruplo do preço, a fim de restabelecer sua vida financeira. Como não consegue a ajuda que esperava da advogada, Kathy resolve fazer suas próprias tentativas de retomar sua propriedade, mas obviamente encontrará a resistência e a hostilidade do Sr Behrani.

O que mais perturba é que ambas as partes interessadas não sabem como resolver o caso, mas como as autoridades desprezam seus pedidos, eles começam um confronto pessoal às escuras e acabam tomando atitudes estúpidas e burras, que, no caso de Kathy, ainda conta com a ajuda de seres externos, como o policial que conhecera no dia da expulsão e que acaba tendo um romance com ele, que é casado.

Além da questão da posse da casa, está também em pauta o tratamento dispensado aos imigrantes nos EUA.

O roteiro é baseado no best-seller de André Dubus III, que depois de uma pesquisa, descobri que ele recusou mais de 100 (!) ofertas de diversos estúdios para adaptarem sua história. Fiquei imaginando: com tantas ofertas, esperava-se que o roteiro escolhido fosse uma obra-prima, mas esse não chega nem perto disso, é apenas regular. Coitado do autor! Deve ter lido tanta podreira... Mas pelo visto gostou desse, já que até uma ponta ele faz no filme (vi o nome dele nos créditos de elenco, mas não reparei em que momento aparece). Só não consigo entender, mais uma vez, por que diabos esse povo cisma em colocar os personagens estrangeiros para falar em inglês entre si. Não faz sentido e isso, para mim, é motivo de perder muitos pontos.

O filme tem sustentação maior nas interpretações, principalmente de Ben Kingsley, um ator competente e que nos faz crer que ele realmente é um iraniano. A cenografia também é de muito bom gosto e adequada ao clima sóbrio do filme, que é ainda ajudado pela boa fotografia de Roger Deakins (dono de um currículo invejável), com ênfase na névoa citada no título, que envolve a casa, dando um tom sombrio, como se tudo estivesse caminhando para a mais completa decadência. Além da trilha sonora, indicada ao Oscar.

Quase deixei de gostar do filme a partir de determinado momento, quando a história beirou o grotesco e parecia que tudo ia desandar, não fossem os fatos justificáveis pelo rolo compressor de ignorância mútua que toma conta dos personagens, que, em meio ao desespero, fazem uma escolha errada atrás da outra, culminando num final inimaginável no início do filme, mas que fica previsível no decorrer do filme.

Casa de Areia e Névoa é um bom filme, mas é mais indicado para aqueles que gostam dos “baseados em fatos reais” absurdos que pipocam por aí.

Achei interessante colocar os links de duas críticas completamente opostas sobre o filme. A positiva é do Omelete e a negativa do Contracampo. Fiquem à vontade para escolher a de vocês. Eu fico com o meu meio termo!


Trailer (sem legendas):



Casa de Areia e Névoa
(House of Sand and Fog, 126 minutos, EUA, 2003)
Direção: Vadim Perelman
Roteiro: Vadim Perelman e Shawn Lawrence Otto, baseado em livro de Andre Dubus III
Produção: Michael London e Vadim Perelman
Música: James Horner
Fotografia: Roger Deakins

Com Ben Kingsley, Jennifer Connelly, Ron Eldard, Shohreh Aghdasloo

Nota 7,5

sábado, 18 de julho de 2009

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Com a Pottermania dominando o mundo desde 0:01 de quarta-feira, fiquei esperando o momento certo para ver o filme. Aquelas filas infindáveis para comprar os ingressos (fora ter que chegar uma hora antes, para não ficar sem o bilhete), depois outra para a pipoca, mais outra para entrar no cinema, a guerra para conseguir um bom lugar e ainda ter que aguentar os bandos de adolescentes histéricos, maníacos e mal educados em matéria de respeito ao próximo no cinema, todos vestidos de aluninhos de Hogwarts, alguns com chapéus pontudos, senhoras sem noção com varinhas mágicas (acreditem, minha amiga viu uma!) e mais crianças e mais crianças e mais adolescentes e mais adolescentes... Afff! Que fobia! Não quis isso para minha vida, só para dizer que vi o filme antes e postar enlouquecidamente em busca de visitas e comentários fervorosos.

E como foi bom ter esperado! Como é bom ir ao cinema em sessões quase matutinas nos fins de semana! Além de serem mais baratas, não tem fila para nada e o cinema ainda estava bem tranquilo, com menos de um terço de sua lotação esgotada e com um público composto de gente civilizada, já que as pestes que assolariam as salas nos horários mais tarde deviam estar, em sua maioria, nos almoços de família naquele momento.

Enfim, escolha acertada, assisti ao novo Harry Potter. Posto mais para registrar que assisti ao filme, porque algumas pessoas já quiseram saber minha opinião sobre o dito “evento”. Não quero fazer parte desta loucura toda em cima da série do garotinho bruxo. Gostei dos outros filmes, foram boas diversões, li os três primeiros livros e pronto. Potter para mim não é uma religião.

No sexto ano de Hogwarts, Harry será incumbido pelo professor Dumbledore de fazer amizade com o novo professor, o sr. Slughorn (Jim Broadbent), a fim de arrancar dele um segredo que lhes interessaria. Ao mesmo tempo, seu inimigo Draco Malfoy junta-se ao vilões definitivamente, para “dominar” Hogwarts. Em meio a isso, romances desenvolvem-se na história, na forma de dois triângulos: Harry/Gina Weasley/Dino Thomas e Hermione/Rony/Lilá Brown. De história, é basicamente isso. Pelo menos foi isso que escolheram contar do livro, já que é impossível transpor para 150 minutos as centenas de páginas do livro (sem esta de comparar livro com filme, que essa discussão não tem sentido).

O fato é que gostei muito do filme e pode ser que pela primeira vez, eu coloque um Harry Potter na minha lista de melhores do ano. Até então, o que eu mais gostava era o terceiro, por ser o mais divertido, com mais ação e até então o mais sombrio. De Harry Potter e o Enigma do Príncipe eu gostei por motivos diferentes: é o filme mais denso de todos, o que mais deixa espaço para o desenvolvimento dos personagens e o que tem mais calma em construir uma atmosfera sombria, sem pressa de envolver o público já nas primeiras sequências de maneira escapista. Para isso, nem foi preciso deixar de lado os efeitos visuais arrebatadores que criaram os outros filmes.

David Yates conseguiu amadurecer a série (finalmente) e acrescentar às aventuras outras questões antes superficiais, como o fortalecimento das amizades e as lições de aprendizagem obtidas principalmente pelo protagonista. A questão dos romances não é ressaltada só para tê-los na história, mas para demonstrar essa transição na vida dos personagens, acompanhando o crescimentos dos fãs da série também. É a primeira vez que toda uma geração de jovens pôde acompanhar uma saga e crescer junto com seus personagens e isso é uma das coisas mais geniais da série de filmes de Harry Potter.

O que me incomodou já era esperado: Daniel Radcliffe é fraquinho (Emma Watson e Rupert Grint brilham muito mais que ele quando estão em cena) e não me acostumo com a escolha de Helena Boham-Carter para o papel da bruxa Bellatrix. Como ela sempre faz papéis desse tipo (não que faça mal) fica difícil não trazer referência dela de outros filmes e isso não é bem vindo. Parece que enfiaram na saga dos bruxinhos qualquer um dos personagens de Tim Burton. Ainda bem que isso não estraga o filme.

...Enigma do Príncipe funciona como uma transição, muito bem realizada, de uma etapa mais ingênua e aventureira para a etapa mais sombria e resolutiva que está por vir. Um êxito tão grande que se aproxima do status de produção espetacular alcançado por uma certa saga do anel.

Numa temporada fraca de arrasaquarteirões, é um alívio e uma satisfação assistir a algo tão bom quanto esse filme. Agora é aguardar com boas expectativas, mas sem histeria, as partes finais da história.


Harry Potter e o Enigma do Príncipe

(H P & The Half-Blood Prince, 155 minutos, EUA/Inglaterra, 2009)

Dir.: David Yates

Com Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Helena Boham-Carter, Michael Gambon, Jim Broadbent, Maggie Smith, Alan Rickman


Nota 8,4

quinta-feira, 16 de julho de 2009

La Môme Piaf

Seria óbvio dizer que Piaf – Um Hino ao Amor é um filme melodramático. Afinal, a história de vida da Edith Giovanna Gassion (a La Môme Piaf, como batizada no início da carreira, pela comparação de sua voz com um pássaro) foi percalçada por tantos acontecimentos trágicos, que fatalmente encaixaria-se nessa classificação. Sobre sua carreira, todos sabem que foi brilhante e que ela era dona de uma das vozes mais bonitas que já se ouviu. O filme inova ao trazer à tona sua história pessoal com detalhes, mesmo sem deixar de lado sua carreira, para conhecimento e admiração de todos, principalmente da geração mais nova, que pouco conhece da cantora e da sua obra.

Na infância, Piaf foi abandonada pela mãe (que fugiu com um homem, por paixão), seu pai era um bêbado e ela acabou sendo criada num prostíbulo. Quando jovem, caiu na vida boêmia e desregrada, passando a cantar nas ruas de Paris em troca de moedas. Foi descoberta por um olheiro, gravou seu primeiro disco e daí pra diante sua carreira deslanchou. Foi parar nos EUA, país que não lhe agradou, mas foi onde conheceu seu grande amor. Faleceu aos 42 anos, totalmente fragilizada pelo acúmulo de doenças (icterícia, cirrose e dependência em morfina) que teve no decorrer da vida.

Alguns críticos depreciaram esta cinebiografia, alegando que era um filme que denegria a imagem da cantora e fazia melodrama em cima de sua história, mostrando-a como uma pessoa seca e antipática. Para mim, isso é crítica de quem a idolatra cegamente e não aceita que digam que Piaf era uma mulher cheia de defeitos e excentricidades, como qualquer outro ser humano pode sê-lo. Mostrar esse lado é mostrar que ela foi uma mulher que sofreu muito, mas que nunca se deixou ser tomada pela amargura. Amou intensamente, tanto sua música quanto aqueles que desfrutaram da sua companhia.

Tudo no filme é pensado para beneficiar Piaf e a atriz que a interpreta, Marion Cottilard. A tonelada de maquiagem e a encarnação de Piaf por Cottilard são extraordinárias, uma (a maquiagem) ajudando a outra (a atriz) a realizar um dos trabalhos de interpretação mais impressionantes dos últimos anos. Mas não é só pelo trabalho técnico de caracterização: Cottilard encarna todos os trejeitos da cantora, seu olhar distante, como quem esconde amarguras, sua postura curvada, com um definhamento gradativo, mas que se ergue ao subir no palco, tendo ali seus momentos de glória. Oscar mais que merecido para a atriz e para a equipe de maquiagem.

A fotografia também trabalha a serviço da protagonista, com planos gerais nos momentos de apresentação da cantora, intercalados com close-ups, ambos com uma luz que recorta seu rosto e seu corpo, como se estivesse entronando-a, como a endeusada cantora que era. Há cenários meticulosamente construídos, para possibilitar a execução de planos sequência bem elaborados, principalmente na casa de Piaf, onde a câmera passeia por todos os cômodos com total liberdade e onde também acontece uma transição muito boa, numa cena em que Piaf está em desespero por uma notícia que acabara de receber e precisa cantar para fugir dos fantasmas que a atormentam, correndo pelo quarto e quando ultrapassa a cortina, lá está o palco montado e o público à sua espera.

A escolha por uma edição não-linear, muito comum em biografias, começando o filme com a última apresentação de Piaf, em seu estado maior de definhamento e intercalando sua infância, juventude e seus últimos dias, aqui se justifica nos momentos finais do filme, quando, em seu leito de morte, Edith confessa um segredo que até então nunca havia sido de conhecimento do público, algo que talvez tenha aterrorizado-a muito mais do que qualquer outra tragédia que tenha sofrido e que toma-nos de assalto, pelo tamanho de sua tristeza e pelo fardo que aquela mulher foi destinada a carregar. Ali, é chegada a sua hora. Ela morre, mas antes que subam os créditos, finalmente é concluída a sua última apresentação (aquela que iniciou o filme), na qual ela interpreta a sua canção mais contundente, No, Je ne Regrete Rien, que ela mesma classificou como o resumo de sua vida. Nessa altura, a emoção já está à flor da pele e as lágrimas contidas durante 140 minutos agora escorrem, e com elas, despedimo-nos de Piaf e ficamos com sua obra.

Piaf teve, pelo menos na versão de Olivier Dahan, o seu Gran Finale!



Piaf – Um Hino ao Amor
(La Môme, França/ Inglaterra/ República Tcheca, 140 minutos, 2007)
Dir.: Olivier Dahan
Com Marion Cottilard, Jean Pierre Martins, Gerard Depardieu, Emmanuelle Seigner, Marlene Dietrich

Nota 8,9

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A Proposta

A quarentona Sandra Bullock está de volta ao gênero que a consagrou, com esta comédia romântica mais clichê do que qualquer outro filme que ela tenha feito.

A Proposta teve estreia na sexta-feira passada e, ao que tudo indica, fará o mesmo sucesso que nos EUA, onde já arrecadou mais de U$ 120 milhões, além de ter sido a melhor estreia da carreira de Miss Bullock.

A responsável pelo retorno é a diretora Anne Fletcher, do recente Vestida Para Casar (27 Dresses). Para fazer par com a ex-queridinha da América, a diretora escalou o “bola da vez” Ryan Reynolds.

A história? A mesma de sempre. Duas pessoas que se odeiam têm, por um motivo qualquer, que conviver mais intimamente. Daí o ódio aos poucos vira amor, vem um obstáculo e separa os dois, que agora farão de tudo para ficar juntos e as situações absurdas para que isso aconteça rolarão soltas. O final? Não preciso dizer, né?! (isso não é um spoiler, oras).
Só pra situar: ela é a chefe ameaçada de extradição dos EUA e ele, o empregado que será obrigado a casar com ela para evitar a tal extradição.

O que faz a repetida fórmula dar certo é o roteiro bem amarrado, com boas piadas e poucas cenas esdrúxulas. As situações convencem e a transição ódio-amor surge de maneira natural. Outra boa sacada do roteiro foi a de não colocar o empregado como o pobre coitado que precisa do emprego e será submisso aos caprichos da chefe. O fato de ele ser rico o coloca no mesmo patamar que ela, podendo “negociar” de igual para igual, além de não terem que forçar a barra com a ilusão de que uma metida como a chefe apaixonaria-se tão rápido pelo plebeu. Sandra Bullock está muito boa (em todos os sentidos; piada infame), sem exagerar nos tiques e com histeria na medida certa. Sua química com Ryan Reynolds funciona, apesar de eu ainda não entender o porquê desse cara estar tão na moda. Vai entender o público: até Shia LaBeouf já foi queridinho...

O filme acerta até a cena do casamento, quando a coisa desanda e cai na onda das “confusões-cômicas-e-absurdas-que-culminarão-na-resolução-romântica-e-fofinha”. Aí a convivência com os clichês já não é mais saudável. Havia espaço para um pouco de criatividade, mas a oportunidade foi desperdiçada.

A crise de qualidade este ano tem sido tanta que têm ganho aqueles que conseguem desenvolver melhor os seus clichês. Talvez por esse contexto A Proposta seja um programa tão divertido.

Trailer:


A Proposta
(The Proposal, EUA, 109 minutos, 2009)
Dir.: Anne Fletcher
Com Sandra Bullock, Ryan Reynolds

Nota 6,8

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A Vida Marinha com Steve Zissou

Imagino que Wes Anderson deva ser um sujeito tão excêntrico quanto seus filmes. Só assim para explicar como essa característica predomina todas as suas obras. Desde 1998, com Três É Demais (Rushmore), ele apresenta obras sempre com cenários coloridos, personagens cheios de costumes diferentes da maioria, diálogos bizarros e enquadramentos igualmente incomuns. Quem conhece seu estilo saberá imediatamente, ao assistir uma obra sua, que trata-se de um exemplar desse diretor. Com A Vida Marinha com Steve Zissou não é diferente.
Zissou (Bill Murray) é um oceanógrafo documentarista que teve a estreia do seu segundo filme hostilizada pelos críticos no Festival de Locarno, que o julgaram como algo surreal e ensaiado demais, não convencidos pela história que ele conta, de que seu amigo foi devorado por um tubarão-jaguar, espécie de peixe, aliás, que ninguém nunca ouviu falar. Ele decide filmar uma terceira parte da série, com proporções épicas, para alavancar sua carreira como cineasta. Contará com a ajuda da sua equipe, formada por figuras igualmente caricatas e forçadas (dentre eles, Owen Wilson, Willen Dafoe, Jeff Goldblum e Seu Jorge), além de uma jornalista (Cate Blanchett) que acompanhará a nova expedição.

As filmagens do documentário refletem a encenação que muitas vezes se faz em cima da realidade retratada, com cenas sendo repetidas, situações forjadas ou falas decoradas (no caso, encenadas), com o documentarista se autopromovendo, inclusive recitando Shakespeare à beira do leme. Sobra espaço até para referenciar o clássico documental Nanook – o Esquimó, numa cena muda em que eles encenam uma pesca no gelo.

Todo o elenco está muito bem, com atuações divertidamente uniformes, como o figurino que usam. Suas roupas (assim como no filme anterior de Anderson, Os Excêntricos Tenembauns) são iguais, como gêmeos vestidos pelos pais “sem-noção”, compostas de sunga listrada da Speedo, tênis Adidas e gorro vermelho!
Seu Jorge assina a trilha sonora, com traduções para o português (!) de várias músicas de David Bowie e aparece no filme cantando-as nos momentos mais bizarros. Quando não canta, seu personagem Pelé dos Santos (!) torna-se um mudo hilário!

O filme conta com toques nonsense, que fazem o diferencial (para o bem) na carreira de Anderson. Uma moviola é manejada em alto-mar (para quem não sabe, aquele é o ambiente mais prejudicial a esse instrumento e aos filmes)! Ainda tem como toque especial as animações em stop-motion das estranhas espécies criadas por ele, como o caranguejo de açucar, o cavalo marinho crayon ou uma enorme floresta de corais toda feita de barbantes coloridos.

A Vida Marinha é uma aula de linguagem cinematográfica. Anderson abusa do zoom in e zoom out (característicos de documentários), adora centralizar o personagem em foco, conferindo uma profundidade de campo incrível e seus planos são simétricos até quando ele usa o planossequência na cena em que a câmera vai passando por todos os cômodos do submarino, cenário construído todo vazado, como dessas casas de boneca que se tem a vista completa pelo lado de fora.

Por mais que seja feito tudo de forma extremamente caricata, fica difícil não se encantar com o visual do filme e se entregar ao humor de nerd deprimido, vindo do roteiro escrito pelo próprio Wes Anderson, em parceria com Noah Baumbach (A Lula e a Baleia).

Como escreveu Marcelo Hessel em sua crítica para o site Omelete: “...é a caçada de Moby Dick, a bordo do Yellow Submarine, guiado por Afonso Brazza.” Assino embaixo!



Trailer:




A Vida Marinha com Steve Zissou
(The Life Aquatic With Steve Zissou, EUA, 118 minutos, 2004)
Dir.: Wes Anderson
Com Bill Murray, Cate Blanchett, Owen Wilson, Willen Dafoe, Jeff Goldblum, Angélica Huston, Michael Gambon, Noah Taylor e Seu Jorge


Nota 7,7

sábado, 11 de julho de 2009

De Repente, Califórnia (Shelter)

Hoje o post será menor que o de costume, pois já faz tempo que assisti o filme e não anotei maiores detalhes para escrever. Como finalmente estreou em Brasília, não posso deixar passar a oportunidade de indicá-lo.

De Repente Califórnia (ninguém merece essa tradução) é um romance muito bacana (gíria ultrapassada, eu sei, mas gosto), que se não fosse pelo fato de ter dois gays como protagonistas, facilmente seria sucesso e estrearia num número muito maior de salas mundo afora.

Zach (Trevor Wright) é um artista plástico que não investe em seu talento por achar que precisa cuidar da família, composta pela irmã e pelo sobrinho. Tudo começa a mudar quando conhece o escritor Shaun (Brad Rowe), que incentiva-o a seguir adiante com a tentativa de entrar para uma famosa escola de artes dos EUA. Os dois se conhecem porque Shaun é irmão do melhor amigo de Zach e também porque ambos nutrem a paixão pelo surfe. Daí para diante, a história desenvolve-se em cima do drama de Zach em tomar decisões que implicam em enfrentar as cobranças da irmã e assumir para si e para os outros a sua homossexualidade. A relação dele com a família, aliás, é outro acerto: a dedicação que ele dispensa ao sobrinho é muito mais amorosa e eficiente para a criação daquela criança do que a própria mãe poderia oferecer, já que essa é uma mulher infeliz com a própria vida e é dessas que abandonaria até o filho pelo primeiro homem que lhe oferecesse uma perspectiva de mudança.

De Repente, Califórnia não tem muitos méritos como cinema. A estética do filme é de série televisiva e o desenvolvimento do roteiro é bem clichê, exceto pelo acerto de sair dos ambientes comuns e levar a história para um meio que pouco ouve-se falar em homossexualidade, que é o do surfe.

O bom é que não levanta bandeiras de maneira agressiva e nem conta com cenas apelativas e desnecessárias, como muitas vezes acontece com filmes de temáticas LGBT. A sensibilidade e naturalidade com que a história é conduzida é que cativam e tornam o filme acessível a qualquer pessoa.

Além disso, tem uma trilha sonora bem boa, que equilibra os momentos mais conturbados com os momentos mais relax do filme.

Não é nenhum triunfo, não causa polêmicas e nem fará parte das listas de melhores do ano, mas é um programa muito agradável, sensível e que pode até emocionar os mais românticos ou os de "coração de manteiga", como no meu caso.

Eleito o melhor filme pelo público no Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade Sexual de 2007 e de diversos outros prêmios em festivais temáticos mundo afora.


Trailer



De Repente, Califórnia
(Shelter, EUA, 97 minutos, 2007)
Dir.: Jonah Markowitz
Com Trevor Wright, Brad Rowe, Tina Holmes, Jackson Wurth, Katie Walder

Nota 7,3

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Rumba

“A dog!” - ensina a esguia professora de voz imponente (só a voz) aos seus alunos. Pela janela da sala, vê-se outra turma tendo aula de educação física no pátio do colégio, com o desengonçado Dom. O sinal toca e a manada de alunos sai em disparada para casa. Há um momento de silêncio. Alguns segundos de silêncio, câmera estática no mesmo plano pelo qual passaram as crianças e de repente, outra manada: a dos professores do colégio, histéricos de felicidade com o fim do expediente. Ficam na escola somente os dois professores apresentados anteriormente. Tiram as roupas de trabalho e por baixo delas, uma roupa colante, de dança. Começa então o ensaio do casal para um concurso de rumba.

O número musical é de chorar de rir. Os passos executados são precisos, mas o físico muito magro de ambos torna seus movimentos desengonçados, conferindo toda graça à cena. Depois dessa, ainda virão alguns outros números, todos compondo os melhores momentos do filme (destaque para a dança das sombras, que saem dos corpos dos dois e projetam seus passos num muro, muito bonita).

Os dois ganham o concurso, mas toda a alegria é interrompida quando eles sofrem um acidente de carro, ao tentar desviar de um suicida. O acidente deixa sequelas: ele, desmemoriado e ela, com uma perna amputada. Segue uma sucessão de eventos tragicômicos, imbuído de uma teatralidade típica dos filmes de Jacques Tati (quem não o conhece, clique no link, pois sua obra merece ser conhecida) e por vezes do humor mudo e escrachado de Mr Bean (para mim, a má influência do filme, apesar de não achá-lo ruim).

O filme inteiro é constituído de planos estáticos (exceto a primeira cena musical, que capta o casal circularmente), geralmente com enquadramentos teatrais, inclusive com a contribuição de cenários semicubistas, ainda invocando a arte de Jacques Tati. O trio de diretores usa de elipses para ligar uma cena a outra, como o apagar e acender de luzes, muito interessante, que faz a hora passar, sem precisar de cortes na edição.

Rumba é um filme de comédia corporal, quase sem fala, cheio de charme e tipos estranhos, mas que peca por explorar demais o humor escrachado. Os ótimos tipo apresentados tornam-se seres burros e patetas, com momentos de idiotice que não combina com eles, já que em momentos anteriores eles demonstram ser apenas inertes ao que acontece ao seu redor, mas são inteligentes, afinal, são professores! Depois de certo momento, a paciência com cenas exageradas esgota-se e o filme torna-se boboca.

Mas ainda assim, vale a pena pela criatividade na linguagem utilizada, pelos ótimos atores protagonistas (que também assinam a direção, produção e roteiro) e pelas cenas hilárias que contém.

Digamos que é um filme que chamo de “growing on me”, ou seja, durante a sessão repara-se em vários defeitos, mas depois as qualidades os sobrepõem e a impressão de que é um filme bom vai crescendo.
Trailer





Rumba

(idem, França/Bélgica, 77 minutos, 2008)

Direção, roteiro e produção: Dominique Abel, Fiona Gordon e Bruno Romy

Com Dominique Abel, Fiona Gordon e Phillipe Martz


Nota 6,5

terça-feira, 7 de julho de 2009

Tarantino's Mind

O curta de hoje é quase um presente. Vale demais conferí-lo.

Tarantino's Mind é nacional, de 2007 e teve sua estreia em festivais no FIC Brasília daquele ano.

A premissa é simples: dois amigos encontram-se num bar para discutirem suas teses sobre os filmes de Quentin Tarantino. Os amigos em questão são Selton Mello e Seu Jorge.

Gostaria de saber se Tarantino assistiu ao curta e o que ele achou disso!

O que torna o curta genial são seus diálogos, inteligentes e muito engraçados.

O filme é da produtora carioca Republika Filmes e como foi dirigido por um conjunto de pessoas, eles creditam a direção como "300 ML", sabe-se lá porquê.

Além do festival já citado, ele passou também no Festival Internacional de Curtas de SP, no Festival do Rio e em diversos outros festivais naquele ano.

Divirtam-se... muito!

domingo, 5 de julho de 2009

Stella

Stella é uma criança que criou-se pelo mundo. Seus pais são donos de uma bar em Paris, na década de 70, onde promovem (e participam) diariamente encontros boêmios, regados a muita música, bebida, brigas e vez por outra, jogos de futebol. Com essa vida desregrada os pais não dão a atenção devida à menina, que passa pelo momento crucial na formação de um cidadão, que é a entrada na adolescência.

A menina acaba de entrar num colégio novo e o ambiente no qual vive em casa não ajuda em nada nos estudos. Como ela mesma diz (o filme é narrado em off por ela), sabe cantar, dançar, correr, sabe tudo sobre futebol, mas não sabe quem são Cocteau ou Balzac. Suas notas, consequentemente, são baixas e ninguém na nova escola dá-lhe confiança. Até que uma amizade inusitada se forma, com a aluna mais aplicada da turma, Gladys. E por influência da nova amiga, descobre os livros e o encanto de sentir-se, aos poucos, inserida entre as crianças da sua idade, na escola.

Há muitas semelhanças entre este filme e os recentes O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Valentín (além de tantos outros filmes que abordam o amadurecimento precoce de crianças). Todos passam-se na mesma época, os pais são ausentes (cada qual da sua maneira), as crianças protagonistas estão no mesmo processo de amadurecimento e descobertas, criam o próprio mundo e arranjam algum amigo para lhes ajudar, além de alguma outra pessoa para se espelhar. São todas crianças muito carentes, que diante de qualquer manifestação de carinho, por menor que seja, já sentem que são as crianças mais felizes do mundo.
Talvez isso aconteça por serem filmes de autores/diretores que viveram nessa época de opressão (Stella é semi autobiográfico), na qual era muito comum os jovens pais serem tão perdidos no mundo a ponto de não perceberem a importância de dar atenção aos filhos.

O longa não chega a ser excelente como os exemplares que usei nas comparações: a protagonista não tem o carisma à altura de sua personagem (tendo a cena roubada pela menina Melissa Rodrigues, que vive a amiga Gladys), a contextualização não é bem explorada e o ritmo sai prejudicado, talvez pelo apego da diretora a algumas cenas e personagens que seriam desnecessárias, como a exagerada cena da professora de inglês ou a personagem da professora de História, que é apresentada num momento em que parecia que faria alguma diferença na vida da menina Stella, mas não passa dali, perdendo o sentido de existir.

Mesmo sendo uma história clichê, Stella consegue ser um bom filme, fruto da sensibilidade da diretora Sylvie Verheide e do diretor de fotografia Nicolas Gaurin, cuja câmera capta tudo pela altura da protagonista, que é muito curiosa e flagra diversos momentos que afetarão sua formação, como a traição da mãe ou a aula de tiro dada pelo pai. Além disso, o filme conta com uma ótima trilha sonora, assinada pela banda NousDeux the Band.

Apesar de eu esperar um pouco mais, valeu o ingresso.


Trailer



Stella
(idem, França, 103 minutos, 2008)
Direção e roteiro: Sylvie Verheide
Com Leora Barbara, Melissa Rodrigues, Laëtitia Guerard, Benjamin Biolay, Guillaume Depardieu...

Nota 7,0

Blog de Ouro


Vez por outra, boas notícias surgem para dar um estímulo a mais para escrever no blog.

Elogios dos leitores e recomendações por outros blogueiros são o alimento para um blog melhor.

Essa semana recebi o meu primeiro selo (ia pôr no diminutivo, mas não ia pegar bem! ehehe), dado pelo amigo Charles M. Helmich, do Plano-sequência. Muito obrigado!

Quem recebe o selo, deve seguir algumas instruções:


1 – Exibir a imagem do selo “Blog de Ouro”.
2 – Postar o link do blog que te indicou.
3 – Indicar 4 blogs de sua preferência.
4 – Avisar seus indicados.
5 – Publicar as regras.
6 – Conferir se os blogs indicados repassaram o selo e as regras


Escolhi blogs cujos escritores têm um gosto parecido com o meu, assim, quem gosta deste blog aqui, irá gostar do deles também. Então, aí vão meus escolhidos:



Blog do Renato Silveira - http://www.cinematorio.com.br/

Blog do Pedro Tavares - http://www.cinemaorama.com/

Blog do Rafael Carvalho - http://movioladigital.blogspot.com/


Vale a pena conferí-los!


Por último, fui também indicado pelo amigo Altieres, do Tomada 7, que está sempre comentando por aqui e me conferiu o selo "Prêmio Mouse de Ouro". Valeu, Altieres!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Notas Sobre um Escândalo


A sinopse do filme é bem simples: professora novata e promissora vê sua carreira e casamento ruírem a partir do momento em que é acusada de ter relações sexuais com um de seus alunos.

A professora em questão é Sheba Hart (Cate Blanchett), que acaba de iniciar seus trabalhos no ginásio e já se torna a queridinha da direção e encantadora dos alunos. Sua primeira amizade na escola é com outra professora, a veterana Barbara Covett (Judi Dench), que é justamente o seu oposto: aparentemente ranzinza, é odiada pelos alunos, mas tem o reconhecimento do corpo discente. Está prestes a se aposentar.

Depois de um tempo de formada a amizade, Covett tem um dilema: ela vê a amiga consumando as tais relações sexuais com um aluno e tem que decidir se denuncia ou não, abrindo mão da amizade pela qual ela se apaixonou.

A partir daí, a trama entra num ritmo doentio, cheio de ameaças e cada um vai tropeçando em seus próprios erros, num ritmo que vai de bola de neve a avalanche, até o ponto em que os personagens se revelam como são no fundo. E nesse fundo nem sempre tem coisas boas, geralmente é o excesso, a borra do café, que se ingerida, acaba com o gosto de todo o resto.
Mas vai saber! Tem gente que gosta de borra de café!

Cada personagem aqui é cheio de “pecadinhos” ocultos e os cometem por uma confusão de sentimentos que se colocados em primeiro lugar em ações e momentos incorretos da vida, são responsáveis por atitudes neuróticas, beirando a insanidade. Tudo quando o controle sobre seus sentimentos é deixado de lado pelo medo de perder o amor do outro.

O roteiro é escrito por Patrick Marber, o mesmo de Closer, mas aqui seu trabalho, baseado no livro de Zoe Heller, não é o ponto forte do filme. Ao contrário do filme de Mike Nichols, Notas não tem o tom de maturidade e ainda por cima é cheio dos clichês típicos dos filmes que querem parecer baseados em fatos reais, mas são fatores perdoáveis dentro do “pacote”.

O clima intimista, o desenvolvimento sempre crescente e tenso da trama e a capacidade de envolvimento do público provavelmente não seriam possíveis caso a escolha das atrizes fosse diferente. Poderia chamar de “guerra de atuação”! E no final acho que tudo termina num empate glorioso, com a sensação de ter visto atrizes cumprindo seu papel com louvor e dedicação.
Cate Blanchett e Judi Dench mereceram e sempre merecerão indicações a prêmios se continuarem com a postura profissional com a qual lidaram até hoje.

Li uma crítica do filme comparando-o a O Pentelho, com Jim Carrey, e realmente tem suas semelhanças (!), pelo lado psicótico que alguns personagens revelam ter, mas este aqui é feito com muito mais competência que aquele, sem precisar de muita pompa.

Vale a pena pra quem gosta de filmes intimistas, em tom de “história real”. Quem costuma assistir (e gostar) de besteirol, nem se dê ao trabalho.



(Notes on a Scandal, Inglaterra, 90 minutos, 2006)

Dir.: Richard Eyre

Com Cate Blanchett, Judi Dench, Bill Nighy


Nota 8,0
 
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