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sábado, 2 de abril de 2011

O Enigma de Kaspar Hauser

Vocês não ouvem os assustadores gritos
ao nosso redor que habitualmente
chamamos de silêncio?

É difícil encontrar uma história singular para ser filmada. Ainda mais raro é uma destas histórias ser encontrada pelo diretor certo, na hora certa.

O Enigma de Kaspar Hauser é baseado na história real do jovem Kaspar Hauser, encontrado numa praça em Nuremberg, Alemanha, em 1828, com idade e identidade desconhecidas, sem saber falar e andar, apenas com uma carta na mão, que explicava o motivo de seu abandono naquele local.

Acredita-se que ele tenha crescido em uma cela, isolado de qualquer contato com a natureza, sendo alimentado a pão e água por alguém que deixava o alimento em sua cela, enquanto o mesmo dormia. Depois de anos, foi encontrado por um homem, que o ensinou a escrever seu nome e a repetir uma única frase. Depois deste pequeno tempo de preparação, o homem teria abandonado Kaspar na tal praça.

O caso já foi amplamente discutido, em cerca de 3 mil livros e 14 mil artigos científicos, especialmente ligados à psicologia, que o usa como ilustração de como a privação do contato social pode levar ao retardo mental. Felizmente, ao ser transposto para o cinema, o foi feito pelas mãos do alemão Werner Herzog.

Bruno S. (esq.) e um desenho do verdadeiro Kaspar (dir.)
Herzog seguiu o feliz caminho de respeitar as especulações da história real e expor as diferentes teorias sobre o personagem, sem tomar nenhuma delas como verdade absoluta. Foi ainda mais feliz quando resolveu não escalar um ator profissional para o papel principal, já que julgava (corretamente) que seria muito difícil um ator passar por um retardado mental sem parecer caricato e/ou inverídico.

O diretor encontrou em Bruno S o alterego de Kaspar. Bruno também sofreu privação de contato social, ao ser internado aos três anos de idade numa instituição para doentes mentais, sem no entanto sê-lo – a verdade é que a mãe o espancava, o que o deixou temporariamente surdo. Aos trinta anos, foi diagnosticado como esquizofrênico, devido aos maltratos que sofreu durante os 23 anos de cárcere privado a que fora submetido. Era artista de rua quando foi descoberto por Herzog, que também o escalou como protagonista de outra obra sua, Stroszeck (1977).

Assim, com um ator que deu um tom semidocumental ao personagem principal, Herzog realizou uma de suas obras-primas. Mas, diferentemente de muitos outros filmes seus, que trazem uma certa severidade nos sentimentos, Herzog tratou Kaspar e Bruno com um nítido carinho e respeito, que refletem na sensibilidade que injeta em cada pequeno momento nos quais a inocência de uma pessoa – que sempre fora rejeitado e incompreendido por todos, por não ter noções desenvolvidas de comportamento, religião, lógica ou ciência – é o fator mais explorado. Isso tudo a despeito da gana da sociedade por dissecar o personagem real como se fosse um bicho de laboratório.

Estátua de Kaspar Hauser, em Nurenberg
Enquanto uma simples constatação científica – que gerou um “perfeito relatório” pelo escrivão da época – aquietou os ânimos da sociedade contemporânea a Kaspar, Herzog foi para outro lado e focou no lado humano, cheio de dificuldades de integração – mas preenchido com muita pureza – da persona central. Uma escolha que só podia ser pensada por um mestre que, calculadamente ou não, leva às lágrimas com suas lindas passagens.

E os momentos de comoção e riqueza de significados não são poucos: uma conversa com a empregada, no qual questiona a limitação das mulheres em só poderem cozinhar e fazer crochê; a recusa à aceitação da religião, alegando que antes precisa aprender a ler e escrever; o não-entendimento de que maçãs não são seres humanos; até a genial sequência em que é indagado por um “especialista” sobre raciocínio lógico.

É a profusão de cenas antológicas e perfeita condução técnica e criativa do roteiro que fazem deste um filme de muita importância na história do cinema. Tão rico que a busca por maiores informações após a sessão é tarefa certa.

Uma Questão de Lógica:

Trailer:
(Jeder für sich und Gott gegen alle, Alemanha Ocidental, 110 minutos, 1974)
Dir.: Werner Herzog
Com Bruno S.
Nota 10

9 comentários:

Tatiana Sampaio disse...

Oi Fred! Conheci seu site por acaso, nessa semana, e gostei muito, tenho visitado bastante.. Mas não entendi o porquê dessa crítica se é um filme tão antigo.. Vc faz crítica de filmes que acabou de assitir, não importa o lançamento ou estão querendo fazer alguma adaptação/versão desse filme? (só pra entender..) Desde logo, parabéns pelo site!!!

Fred Burle disse...

Tatiana, é verdade que quase sempre escrevo sobre filmes recentes, mas às vezes gosto de indicar boas obras para os leitores, especialmente aquelas que não são tão conhecidas do grande público - leia-se, nenhum clássico de Hollywood.

Diego S. Lima disse...

Olá Fred,
houve um pequena mudança no meu blog...uma troca de endereço, gostaria que você excluisse o antigo link que era O Irlandês e adicionasse o novo..
http://cinemaatemporal.blogspot.com/

já providencei um novo link do seu blog ao novo enderenço..agradeço desde já

abraços!

Anônimo disse...

Já ví...
O filme é excelente.

Fred Burle disse...

Oi, Diego! Já mudei o endereço.
Boa sorte com o novo blog!
Abs

Aline Matos disse...

Olá Fred, venho acompanhando suas críticas há algum tempo, e tbm me surpreendi com essa crítica de um filme antigo, porém fiquei muito feliz, pois esse filme é fantástico, merece ser lembrado.

Murilo Souza disse...

Filme muito bom!
Achei muito interessante a parte do raciocínio de Kaspar quando diz que a torre era menor que seu quarto, pois em qualquer parte que ele olhasse veria o quarto, enquanto com a torre não acontecia o mesmo.

Fred Burle disse...

Aline, que bom conhecer o nome de quem acompanha o blog. Obrigado pelos elogios. Seus comentários são sempre bem vindos.

Murilo, digamos que Kaspar tem um quê de Estamira (ou vice-e-versa)!

abraços

Anônimo disse...

a humanidade precisa cientificamente descobrir o que e realmente normal diferente e em que ponto todos nos esquisofrenicos portadores de anomalias temos algo a expressar se estimulado.

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