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sábado, 12 de fevereiro de 2011

"Yelling to the Sky" trás mais do mesmo e não agrada em Berlim

Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images
Empurra-empurra da imprensa para conseguir um lugar na sala de exibição, muita reclamação e atraso marcaram a sessão de “Yelling to The Sky”, quarto filme da Mostra Competitiva a ser mostrado no Festival de Berlim. É mais um filme dos EUA a não agradar.

O filme conta a história de Sweetness (Zoë Kravitz), garota do subúrbio de Nova Iorque, lugar onde o registro de violência e uso de drogas entre jovens é alto. A situação de vida da garota é desgraçada, com pais que pouco se importam com o que ela faz e sequer notam que ela chega em casa machucada, depois de sofrer bullying na escola e/ou na rua.

Não por coincidência, o filme trás no elenco Gabourey Sidibe, a já eternizada Preciosa, indicada ao Oscar pelo papel naquele filme. Como muitos já previam, ela volta às telas num tipo de projeto que ela parece fadada a participar: o de filmes de gueto. É uma pena, porque ela tem talento para mais.

A diferença da Preciosa para a “Doçura” (Sweetness) é que aquela traçava um caminho de resistência ao destino e tentava mudá-lo, enquanto que a protagonista deste segue um caminho mais tortuoso, indicativo de entrega de pontos. E acredite quem quiser, apesar de a segunda ser mais comumente encontrada por aí, a primeira é muito mais verdadeira.

A chuva de clichês não ajuda na crença de que aquilo possa ser um produto honesto. Depois de tantos filmes sobre o tema e a região, estereotipar e fazer um discurso piegas de “violência gera violência” não surte mais efeito e não causa sequer reflexão. O didatismo é excessivo e não permite a dedução pelo público. É tudo jogado na cara do espectador: quando a menina vai deixar de ser bobinha e assumir outra postura, balões presos em fios elétricos, prestes a estourar, são mostrados e, quando a família resolve correr atrás do prejuízo da má criação, o pai está sempre em busca da menina, repetindo insistentemente que está atrasado, mas agora está por ela.

Victoria Mahoney disse, durante a coletiva de imprensa, que “este é apenas um ponto de vista” e que espera que muitos outros venham. Se for para ser assim, espera-se que este desejo não se concretize.

Uma viagem rasa para um assunto muito mais complexo. É possível que, quem irá gritar para o céu, como sugere o título, será o público, de desespero ou simplesmente para vaiá-lo. A metade dos críticos que resistiu até o fim da sessão e as pouquíssimas perguntas que os mesmos se interessaram em fazer dão sinais de que a maioria do público concordará com isso. 
 

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