Vidas Que Se Cruzam é o primeiro longa metragem dirigido por Guillermo Arriaga, roteirista de filme como Babel, Amores Brutos e 21 Gramas.
Guillermo conta, desta vez, as histórias de vários personagens: Mariana (Jennifer Lawrence) descobre que sua mãe (Kim Basinger) está tendo um caso; Sylvia (Charlize Theron) trabalha em um restaurante e tem dificuldade em se relacionar amorosamente; e tem também Maria (Tessa Ia), uma menina cujo pai sofreu um acidente aéreo há pouco tempo.
O péssimo título nacional denuncia o estilo de filme logo de cara e o espectador já sabe que terá que participar de um jogo de expectativas e adivinhação, sobre quem tem ligação com quem e quais os “segredos” que os personagens escondem. O título original (The Burning Plain) é mais metafórico e tem relação com acontecimentos ocorridos no meio do filme, o que é muito mais adequado.
O “fogo” queima aos poucos a vida de cada um e fica no ar pergunta: “aquelas vidas são tão vazias de amor, a ponto de que as pessoas tomem tais atitudes ou elas os fazem justamente por ter amor demais e não saberem lidar com isso?
O esforço do elenco é notável e boas interpretações são alcançadas, especialmente de Kim Basinger e Charlize Theron, sumidas dos filmes de grande público.
A música é utilizada somente nos últimos minutos, como elemento inteligente de resolução simultânea e elemento possibilitador de emoção finalmente extravasada. É uma das melhores ausências do filme.
Apesar da montagem não-linear em filmes de histórias-que-se-entrelaçam ter como característica esconder as principais informações até o último momento, neste longa isso não acontece e a previsibilidade do início só se confirma no final.
Será isto uma falha de roteiro ou uma falha de montagem? Não importa. O que importa é que Vidas Que Se Cruzam não atinge seus objetivos. Ou não os deixa claros.
A criatividade que Arriaga já demonstrou ter, aqui esvai-se em sequências sem força reflexiva e o resultado parece mais do mesmo. Nem os elementos simbólicos, como as cicatrizes de cortes e queimaduras, são explorados de maneira impactante.
Uma boa intenção nem sempre resulta num bom produto. Como diretor, Arriaga é um ótimo roteirista.
Trailer:
(The Burning Plain, EUA/Argentina, 107 minutos, 2008)
Dir.: Guillermo Arriaga
Com Charlize Theron, Kim Basinger
Nota 6,0
2 comentários:
Os roteiros do Arriaga, em que muitas histórias se entrecruzam (bem próximo do título traduzido), me parecem um tanto batidos já, o formato precisa de mais vigor, e não sei se esse filme possui essa qualidade. Só assistindo para conferir. Mas a presnça de Charlize Theron já é um grande atrativo.
Rafael, eu concordo contigo que estas histórias-que-se-cruzam já estão batidas, mas os outros roteiros do Arriaga eram melhores ou pelo menos os diretores os fizeram melhores. E Charlize é um grande atrativo...mesmo!
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